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Por Jessé Salvino Cardoso.
O senhor Lameque continuou a falar acerca da realidade, nessa coluna que estamos conversando com meu prezado leitor, ele agora tem um talento que bela ironia homérica ou aristotélica.A fina ironia advinda dos escritos de Homero ou do famoso filósofo Aristóteles, Homero recria a realidade, e Aristóteles mimetiza a mesma realidade tem um fundo de razão. Nessa quarta coluna da série Vilões da Bíblia irei abordar o senhor Lameque como a figura melancólica do poeta maldito.
Portanto, ele foi o único em revelar essa habilidade e competência em conseguir transformar a realidade ao seu redor em uma poesia paralelística,bem um modelo era iniciado , e o senhor Lameque era o fundador do estilo poético que é o padrão da Bíblia. Isso deve ser melhor ressaltado, a poesia hebraica tem um ritmo de lógica, uma das principais características é o paralelismo, onde um verso consiste em duas partes, e a segunda parte tem um pensamento paralelo à primeira. Há também o paralelismo de símbolos – onde uma afirmação é figurada e a outra é mais literal; e o crescente – uma frase da primeira linha é repetida enquanto outros elementos aparecem para um ápice.
E cantar poesia de forma lírica naquela época era uma novidade para uma sociedade nascente e precisava de um poeta uma enciclopédia viva da sociedade antediluviana. O portador por excelência das virtudes da alma, o senhor Lameque ao criar os dois tipos de paralelismo modaliza o que considera mais importante que acontecia no momento, ele também adaptou as sonoridades em busca de uma possível rítmica harmonia que se defina como exata .
Talvez, esse mesmo poeta queria demonstrar a realidade mimética de seu poema em um processo de transformar a realidade em um extenso lirismo de duas linhas. O poeta buscou realizar uma representação exata de sua realidade a partir de mínimos dados simbólicos referidos no texto, insisto em dizer a maldição não estava na poesia paralelística , mas na representação do poeta em exarar sua realidade no contexto.
A visão de Lameque era exata em relação a realidade conectada da sociedade antediluviana nascente que buscava desenvolvimento e progresso, em linhas gerais , a poesia inventada pelo senhor Lameque era de fato uma inovação e uma novidade ao mesmo tempo. O poeta interpretava o mundo mediante sua pequena obra de arte, mas não posso considerar uma obra-prima, se fizer tal consideração cairia em um fatal erro.O erro fatal seria negar a obra de Lameque nenhum tipo de diferencial, posso considerar tal obra semelhante a uma pequena tela pintada com cores fortes e vivas. Não posso dizer que eles alia aos poetas simbolistas do fim de século.
Mediante o desenho da realidade apontada por Lameque , ele canta como Homero as desgraças de uma sociedade em crise. Um pequeno desiderato, ser poeta ou artista no mundo requer um estatuto e o filósofo Aristóteles nos concede um estatuto á medida que já existem artistas em seu mundo, ao contrário de Platão que não deseja os artistas na República. Aristóteles faz questão da presença dos mesmos em uma sociedade , e os chama de compositores de intrigas.
A obra de Lameque pode ser considerada uma obra de um pequeno compositor de intriga. Resta saber se o senhor Lameque aceitaria tal nomeação, portanto sem direito as Academias e aos prêmios, pois todo romancista, dramaturgo e poeta desejam os aplausos e os laudos periciais por uma obra-prima. O poema de Lameque se aproxima da realidade de um oleiro que faz seu vaso nas rodas e não vai muito longe.
Legalmente , seu poema transmite de forma clara a realidade dos seus dias , outro desiderato. Ele não foi mimético de forma exata e autêntica que Aristóteles teorizava em sua Poética , Lameque parecia um iniciante no seu trabalho artístico, bem nesse mar de detalhes , ele articulou as peças certas para que a obra ficasse no mínimo perfeita, para os poetas de hoje , era um mero aprendiz em todo o processo, mas Lameque não encarava tudo assim, dizia em seu coração , que tudo era o acaso colaborando com os fatos , para que tudo saísse perfeito nos devidos esquadros.
Diante da pequena peça poética e dramática , o senhor Lameque se sentia um autor ou um criador no sentido original da palavra. E ele entendia que a sua peça apenas apontava para um horizonte utópico e possível que se realizaria nos dias futuros da humanidade , um futuro bem utópico , meu leitor tudo as areias do tempo poderiam conduzir sem dificuldade a este trágico destino. Acredito que o senhor Lameque ao escrever sua obra poética quis desenhar um panorama do presente por intermédio da poesia.
Isso seja a interpretação exata do seu texto lírico , a visão panorâmica representa os fatos bem ali sucessivos de um olhar distante visto por um artista. Interpretar essa linhas poéticas escritas por Lameque pode parecer um desafio , vamos a elas: “Ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai as minhas palavras; porque eu matei um homem por me ferir, e um jovem por me pisar. Porque sete vezes Caim será castigado; mas Lameque setenta vezes sete’. A primeira interpretação defende que o autor cantou para suas esposas, vangloriando-se de ter matado os homens que atentaram contra ele. Essa poesia também é identificada como um tipo de ameaça a quem ousasse fazer algo contra ele. Logo, ele declara uma força superior devido às suas armas, e de certa forma mostra que ele acreditava que não precisava da proteção de Deus, pois poderia se defender sozinho. Essa interpretação é a mais amplamente aceita.
Tem outra possível linha interpretação acredita que a poesia de Lameque contada às suas esposas na verdade seria uma espécie de remorso de sua consciência por ter matado aqueles homens. As frases “porque me feriu” e “porque me pisou”, são utilizadas para alegar que ele tenha matado em defesa própria. Nessas duas interpretações o poeta tem se defendido em razão da enorme violência naquele momento, pois a violência tinha galgado degraus bem elevados na sociedade e civilização nascente que aprendia lidar com a tecnologia e o progresso, a figura melancólica do poeta revelou bem útil ao tornar essa violência em poesia.
O poeta Lameque cumpriu sua função em tentar mimetizar a violência sofrida, em desenhar essa trágica experiência , fez perguntas e afirmações e foi em busca de respostas nem sempre fáceis de se encontrar nas areias do tempo, que as dunas das areias andam pelo deserto do tempo. No caso mais específico, ele se frustrou com essa sociedade nascente ao ver que a busca incessante pelo progresso, fazem as pessoas enlouquecerem. O poeta exala esse cheiro ao declamar suas poesia as esposas, acredita que a humanidade se desenha em um fim sem solução, a poesia na verdade ganha ares de um desabafo contra a escalada da violência em uma civilização nascente. Aqui finalizamos nossa quarta coluna sobre os vilões da Bíblia , o segundo vilão , o senhor Lameque e as suas experiências frustrantes.