Por Fernanda Lopes
Há uma sombra que nunca dorme,
oculta nos corredores do pensamento,
onde a luz não toca —
onde nem eu ouso entrar.
Ela sussurra perguntas afiadas,
sabe de tudo antes de mim,
decifra olhares, gestos,
esquadrinha silêncios como um código cifrado.
Não confia nos sorrisos,
nas palavras trocadas ao vento,
nas promessas que se desfazem
como areia entre os dedos.
Nunca a vi, mas a sinto —
em cada pausa, em cada desvio,
quando hesito antes de falar,
quando uma dúvida me prende a garganta
como um fio invisível.
Ela tem olhos onde eu tenho memórias,
tem segredos onde eu guardo certezas.
Espreita de trás do espelho,
distorce meu reflexo,
desafia a verdade com um sorriso enviesado.
“Você tem certeza?”
— ela pergunta,
e a certeza evapora
como névoa ao amanhecer.
Ela rastreia as pegadas dos meus passos,
questiona a firmeza do meu chão.
E se não for isso?
E se não for agora?
E se não for você?
E a cada instante, a cada olhar,
ela me vigia, e eu me pergunto:
será que tudo o que vejo
não passa de uma ficção,
uma construção de um mundo se dissolvendo
no momento em que o toco?
Não sei se vigia para me salvar,
ou se me mantém refém.
Se é bússola ou labirinto,
se é minha guardiã ou meu cárcere.
Mas há noites em que a ouço rir baixinho,
como quem já sabe o final.
Fernanda Lopes, Jornal Choraminhices.
A velha e eterna batalho de mim contra eu. A mesma que paralisa e não permite que façamos coisas que os impulsos sugerem, mas a incerteza barra. Já que não é possível vencer essa barreira e deixar os impulsos nos guiarem a aquilo que desejamos, mas evitamos por temermos as consequências, que pelo essa angústia se torne poesia. Afinal, a poesia angustiada é sempre mais saborosa do que a romantizada.
A poetisa desenvolve a criação de uma narrativa imitando Cecília Meirelles em Romanceiro da Inconfidência, que foi trabalhado em uma certa escola por causa de uma aluna, poetas nordestinos também usam de forma abundante e constante.
Segue os príncipios de poesias chinesas e em hindi, também usam esse recurso junto com Cítaras de três Cordas, essa linha de pensamento sofisticado, em formalismo espaçado de acordo com Bakhtin, e Umberto Eco.
Seguir a linha de pensamento constante na poesia, também poderia expor facetas para plasmar experiências vivenciais para ajuntar em dado texto, obrigado Fernanda Lopes