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Por Davambe
São Paulo – SP
Convivemos com déficit de transporte público e longas viagens para chegar ao trabalho.
Quanto tempo você fica viajando de ônibus de sua casa para trabalho? Às vezes quase meio dia é gasto em deslocamento. Vive-se mais em transporte dentro do carro.
O déficit de ônibus na cidade, aliado ao trânsito que torna o movimento de automóveis em estacionamento em movimento, faz com que os cidadãos levem em média mais de uma hora em transporte coletivo. Geralmente não conseguem viajar sentados. Gastam muito tempo no transporte coletivo, viajando de pé nos ônibus.
Alguns se queixam da falta de cortesia de quem está sentado, que não se dá conta de ajudar o outro, seja segurando a pasta, seja cedendo o lugar após algum tempo sentado. Segundo Diego Souza de Jesus, 30, estudante de engenharia mecânica, passageiros que estivessem sentados por mais de uma hora deveriam ceder o lugar para outros passageiros: “Reconhecendo-se a própria limitação física do ser humano, mesmo para quem goza de plena saúde, ficar muito tempo sentado incomoda tanto quanto ficar em pé. Assim é fácil identificar a necessidade que o outro tem de descansar também”. Essa forma de proceder contemplaria o bom senso. É ato de grande valor poder ajudar um irmão, especialmente com a certeza de estar fazendo a coisa certa, acredita. E completa: “Um dia também posso estar de pé. Seria beneficiado. Embora não seja fácil renunciar a um lugar. Faço sempre esse percurso, da Barra Funda para Cotia e vice-versa, de segunda a sexta. É sempre a mesma coisa. Só há uma empresa de ônibus que opera essa linha. A passagem é cara e há poucos ônibus na linha. Essa situação não é exclusiva da minha área. Aqui onde estudo é mesma coisa, você mal entra no ônibus, não há nenhum lugar para sentar. O ônibus anda lotado, sem a mínima chance de o passageiro sentar; entretanto a passagem só aumenta. A justificativa é sempre a mesma: inflação, aumento de combustível. Só não aumenta a qualidade do serviço dos ônibus”.
“Algumas pessoas fingem não ver outros passageiros que talvez estivessem mais necessitados de sentar. Bem que eu queria ceder lugar para aquela senhora, mas estou muito cansado. Essa noite não consegui dormir direito, fiquei me preparando para uma prova, e hoje tinha que assentar um muro de arrimo. Foi um trabalho muito duro”, explica Alfredo, pedreiro que trabalha em São Paulo e mora em Cotia. Ele viaja por mais de três horas para ir e voltar, sempre num ônibus superlotado. Raramente consegue sentar.
“Não havendo lugar para sentar, concordo que deveria haver revezamento, um troca-troca. Depois de um tempo sentado, os que estão sentados podiam ceder lugar aos que estão de pé, para relaxarem um pouco. Será que precisa de lei para dar essa orientação? Cabe a cada um ajudar o próximo, um dia também pode precisar, é verdade. É isso”, conclui ele.
Para o cobrador António Carlos, parece que os passageiros aumentam a cada dia que passa e nenhum demonstra interesse em ceder lugar. “Os passageiros chegam a ocupar o lugar reservado aos idosos, quando chegam as pessoas fingem não vê-los, é muito triste. As empresas de ônibus reservam assentos para idosos, mas são insuficientes. As frotas não dão conta. A pessoa, quando encontra o assento vazio, ocupa e não levanta quando aparece o idoso. Já vi gente fingir que está dormindo ou lendo. A pessoa nem se toca”, ressalta o cobrador.
Apesar do alto preço cobrado, certamente por haver pouca concorrência ou nenhuma, os ônibus andam superlotados. “A culpa é da sociedade que permite isso, e das autoridades que não abrem mais concorrência para que haja várias empresas operando na cidade. Deveria haver mais empresas de ônibus em operação. Acho que, aumentando a concorrência, forçaria as empresas a aumentar o número de ônibus e a reduzir o preço. Com uma empresa apenas, nada feito! Continuaremos pagando caro e recebendo péssima qualidade. Viajar mais de duas horas de pé ninguém merece. Depois de um dia duro de trabalho e estudo, o corpo não resiste. Pede descanso. É duro mesmo, não vejo a hora de terminar o curso. Viajo cochilando entre um empurrão e outro”, conclui Diego.