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Deus e o Ano Novo

Por Jessé Salvino Cardoso.

O viajante ao viajar busca entende-se melhor a si mesmo e ao olhar o mundo em outras perspectivas. O autoconhecimento é ainda uma das facetas do longo processo que é a viagem em si mesma ao longo da vida, pois a viagem é um processo.

Trata-se de uma fuga não declarada dos problemas familiares e cotidianos que azedam semanas e dias, e a fuga serve para isso, cada viajante parte em busca de uma aventura que possa viver em paz e tranquilidade durante alguns dias da sua vida.

A busca por aventura ou experiências agradáveis deve também fazer parte do pacote, é uma parte importante de todo o processo, é um esforço para sair da rotina, e requer planejamento e outros detalhes como preparar malas. Desculpe meu caro leitor pelo longo atraso da série enciclopédica Vilões da Bíblia, que ano que virá, nesse momento pretendo construir uma terceira coluna com a finalidade de concluir a série sobre o Ano Novo, acerca de Deus e o Ano Novo.

Diante de ano que se termina cheio de péssimas notícias, e marcas de preconceito, isolamento político e relacional, e crises econômicas e uma União Europeia em queda livre, em que se deve depositar as esperanças já tão abatidas de uma humanidade repleta de complicações em doses quase sempre duplas ou em acréscimo, um ano realmente pesado se termina, com poucas saídas justas para aos mais pobres de sociedades globalizadas, e aonde está Deus nesse extremo quadro de muitas reticências em aberto?

E ao que parece em termos, Deus tem estado muito ocupado por esses dias graças às inúmeras crises na economia á nível nacional e política a nível global, crises também são sinais de oportunidades e de mudanças drásticas onde se precisa, tal conceito se aplica a tudo, sem reservas ou as ponderações graduais, que surgem no meio do caminho.

Usualmente, Deus anda bem ocupado e preocupado com as múltiplas realidades das pessoas aqui no mundo pós-moderno e líquido sem valores morais adequados, onde há uma real inversão de valores. A questão que nos intriga é a seguinte: Como a humanidade perde a noção elementar das prioridades coletivas e individuais? O sucesso do individualismo ascendeu aos corações aonde não se pode mais ouvir uma sonoridade suave advinda das cordas sensitivas do violão.

Sonoramente esse violão não produz nenhum som mais que agrade a quem realmente ouve corretamente e cada nota foi desaparecendo com as areias do tempo, esse desaparecimento surge mediante das pressões cotidianas de uma vida agitada, essas marcas de um mundo globalizado e líquido na mesma medida sem ser mediada.

E as dedilhadas preocupações de um tempo sempre sombrio, fazem fluir um som pesado semelhante a um réquiem dos três trocados inventados por algum dramaturgo frustrado ou cego pelo fracasso alcançado após tantos esforços perdidos e esquecidos moralmente com areias mutáveis do tempo. Os esforços do músico ou do dramaturgo não são pagos de forma regular, e age como um free-lance, sem os dados compromissos culturais. Assim retomando o assunto tratado e até exposto com criatividade, Deus já foi escrito e falado muito sobre ele nesse momento, e cabe aqui comentar a ideia ilustre do Ano Novo.

O momento nos convida a refletir sobre Deus e a ideia do Ano Novo. Deus teve sempre na cabeça uma ideia de renovar o Pacto com os homens falhos e sempre fracassados em constante queda livre, que andam na má vontade contra a pessoa Dele, em atos e palavras, e ás vezes pensamentos complexos de maldade. O Ano Novo na verdade nunca é novo de fato, somente muda aos feriados e dias laborativos de uma sociedade em crise e constante desequilíbrio, e Deus por que entra nessa história toda entrelaçada de informes e ideias complexas sem razão completa de serem no mínimo ditas ou pensadas.

As pessoas em geral nessa época de festividades e transições, recordam de adágios e superstições comuns a uma humanidade completamente perdida sem uma direção adequada e friamente calculada, o crescimento de descrença em sociedades culturalmente elevadas e conectadas com a Pós-Modernidade, e Deus novamente é abandonado como nos Natais anualmente, e como consequências temos uma alta na criminalidade e no terrorismo que assusta aos do Velho Mundo, e as pandemias dominando o mundo.

Naturalmente, Deus é tirado da agenda nessa ocasião, tendo em vista que os planos humanos são mais importantes que a decisão divina. A humanidade nunca aprende com seus próprios erros e falhas, mas tende a pensar que Deus é mero negociante nessa roda capitalista e coloca seus direitos à venda junto com seus produtos, e alguns ainda incisivamente vão a igreja solicitar apoio divino em suas erratas.

O ano realmente nunca se renova com as pessoas pensam e declinam sobre ele, as más notícias andam rápido, e todo dia você acaba as recebendo, sem pelo menos refletir, e ainda queremos que o ano passe logo para se ver livre do peso que ele carrega, em razão do fracasso da humanidade em lidar com seus limites pessoais e coletivos. Um descaminho puxa outro descaminho e o processo continua assim com muitas transformações cadentes e deprimentes.

Novamente, o outro recomeça com muitas preocupações resultantes do que já terminou com acidez pesada, e no ano que se passou consultou figuras importantes para dar um diagnóstico aproximado do futuro onde ainda não estava pisando ou percebendo assim o fluxo da realidade concreta. O aspecto mais importante é que o ano que era novo agora já hoje. E aos poucos esse ano passa e nada se renova conforme foi prometido ao fim do ano anterior. As promessas começam a dar sinais de ausência ou decadência.

O passado se torna presente, ou como fala um ator “o passado é um lugar muito grande onde cabe tudo queremos e não queremos” e o presente, “se torna um lugar onde posso apenas observar com os olhos e nada mais”, assim o esse ator e representante teatral e televisivo reflete a intenção do ano que ainda se tornará novo. talvez um ator possa dizer o que realmente espera num ano que ainda é novo? Ter boas esperanças e enfrentar o ano como ele realmente e raramente é, sem notar como um notário antigo, as crises que ainda resolvidas, esse esforço, na verdade em entender o mundo e o tempo, é a última tentativa em prever as soluções ainda precisas.

Visivelmente a profundidade das mudanças vão além de mera troca temporal de ano ou mês, reprova assim o pensamento dos iludidos otimistas que a todo preço querem todo novo, esse esforço na verdade é um duplo interesse em realizar do que refletir as ações tomadas e decisões refeitas em cima da hora, como é comum ao brasileiro e alguns latinos também seguem isso á risca, esse princípio dantesco das Américas advindos do processo de colonização.

O caro leitor deve estar no mínimo se perguntando, quando o autor destas linhas vai dar sua conclusão hipotética acerca da relação Deus e o Ano novo, nesse caso vamos a ela, sem retardos morais ou possíveis esquecimentos tardios. Rumo a uma conclusão  inconclusa e ao término da série sobre o Ano Novo, vamos dividir essa conclusão em três etapas. A primeira etapa diz á respeito de um Deus que criou o tempo e não depende do tempo em si mesmo. Deus é atemporal, e sempre age conforme sua vontade e decisão particular, apesar de ouvir outros membros da Trindade. A segunda etapa toca exatamente no cerne dessa relação, Deus nunca dependeu dos homens, mas em linha contrária o homem sempre dependeu de Deus, essa dependência foi classificada como um pacto em que os dois envolvidos fazem suas partes integralmente, sem falhas mas homem sempre erra, em busca dos seus alvos particulares. A última etapa traça a ideia nobre de buscar o novo é rejeitar o que é velho ou lidar com essas duas faces, que é algo complexo de uma humanidade difícil de lidar, é necessário ter sabedoria ao lidar com essa realidade cotidiana. Meu caro leitor, sempre nos acompanhe com frequência escreva para nós, queremos saber o que você pensa sobre o nosso trabalho. Tenha bom Ano Novo e força em 2017.

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