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Por José Namboretti.
Tudo começou com algo que vinha do céu como um pássaro gigante, quando caiu sobre as casas fez um barulho ensurdecedor, em seguida uma poeira subia ao céu se juntando com as nuvens. As pessoas gritavam e choravam de dor.
– Que pássaro esquisito é esse, minha mãe, perguntei.
Mas minha mãe nada respondeu, estava ocupada chorando, seguimos a orientação do tio Mané que mandou todo mundo sair das casas para o pátio
– As casas não são seguras para abrigar a gente, ele disse.
Fiquei mais confuso, sempre achei que a minha casa era o lugar mais seguro do mundo, agora o tio Mané me desmentia por causa desse pássaro gigante, que acaba de cair sobre as casas. Afinal, quem sou eu para desobedecer, segui junto com o grupo que gritava e chorava.
As pessoas iam chegando andando e carregadas, foi então que percebi o estrago que o grande pássaro havia causado, muita gente quebrada, ensanguentada como os animais no açougue. Fui tomado de raiva e comecei a chorar sem muito entender, os comentários podiam ser ouvidos claramente, misturados com choros. Naquela vila onde a tranquilidade reinava agora a paz estava sendo substituída por gritos de desespero:
– Maldito, Malditos!
Ninguém parava para ouvir, todos falavam ao mesmo tempo.
Aquilo era bombardeio do exército não havia nada de passarinho caindo, eram bombas jogadas dos aviões, com objetivo de matar gente. Fiquei sem entender por que tínhamos que morrer. A partir daquele dia nunca mais se soube o que era paz, todas as noites a gente saia das casas para dormir na rua, era o único lugar que os meus pais diziam ser seguro.
– As bombas são jogadas sobre as casas, minha mãe dizia.
Assim que o sol desaparecia começava a disputa por um cantinho na rua, coisas esquisitas de gente grande para fazerem sofrer crianças e idosos.