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Por Jessé Salvino Cardoso.
O viajante ao viajar busca entende-se melhor a si mesmo e a olhar o mundo em outras perspectivas. O autoconhecimento é ainda uma das facetas do longo processo que a viagem em si.
Trata-se de uma fuga não declarada dos problemas familiares e cotidianos que azedam semanas e dias, e a fuga serve para isso, cada viajante parte em busca de uma aventura que possa viver em paz e tranquilidade durante alguns dias da sua vida.
A busca por aventura ou experiências agradáveis deve também fazer parte do pacote, é uma parte importante de todo o processo, é um esforço para sair da rotina, e requer planejamento e outros detalhes como preparar malas. Nessa última viagem, visitei a casa do reverendo Glauro de Oliveira o reverendo jubilado, essa visita me chamou atenção.
Mas o que vem a ser uma jubilação?
No evangeliquês brasileiro e em termos latino-americanos, refere-se quando um pastor ou reverendo entra no processo de aposentadoria no tocante a cargos eclesiásticos de presidência. A visão de jubilação é equivalente à aquisição da aposentadoria de um trabalhador comum em termos reformados.
E o que pude ouvir acerca do processo em questão?
Á princípio, reclamou muito a respeito da enorme membresia da igreja de que pastoreava, e expos sua extrema severidade de um pentecostal bem radical, e eu por outro lado temia contradizer algumas opiniões dele. Ele falava também, que parece que sua família não ajudava como deveria. Uma situação incontornável, mas deveria ir até onde poderia aguentar na direção daquela igreja, apesar de amar os irmãos. A ótica dele era coerente, mas ideia central era ficar em paz com a membresia bem problemática, do ponto de vista dele tudo poderia ser solucionado com sua saída. Após ouvir que deveria ouvir acerca do processo, passei a ponderar alguns aspectos sérios sobre sua decisão:
Embasando na opinião de Hans Gumbrecht um grande estudioso alemão, ao analisar a questão dos trovadores na Alta Idade Média, ele sempre levanta a questão do artista, no caso o trovador, mas traçando um paralelo com o jubilado acima referido em termos bem práticos.
O prezado Sepp apresentou inúmeras marcas relevantes que o primeiro trovador que tanto cometeu falhas em prol da sua arte, e por sua vez o reverendo também cometeu ao lidar com seu rebanho. O esforço do reverendo em agradar o rebanho foi imenso e intenso, contudo, não atendeu a demanda por eles exigida no dado momento esperado.
Por outro lado vemos o primeiro trovador ao expor sua arte também sofreu sérias dificuldades a peso de ouro para conquistar a nobreza complexa e os soberanos medievais, no tocante ao processo de conquista dessa elite econômica e social, foi verdadeiramente um desafio bem grande. Assim pondo em paralelo podemos considerar que os dois sujeitos em certo ponto sofreram alguns desafios pontuais, mas já conheciam o terreno onde pisavam, na instância em especial do artista a arte deve pontuar um modelo de mundo imaginado pelo artista em questão, e ao mesmo tempo refleti-lo na arte que faz e concebe; já outro também tinha em mente o rebanho problemático que ia assumir naquele momento. Os discursos dos dois envolvidos não são compreendidos como se deve á posteriori por seus liderados ou clientes. Tratando do caso do reverendo em questão da coluna, o reverendo deveria ouvir e compreender o seu rebanho á contento. Já o artista não atesta uma situação favorável em frente a seu público, no caso nobre e políticos profissionais. Os primeiros até que apreciavam sua arte era uma boa arte que enlevava o espírito da nobreza já entrava num processo lento de declínio e necessitava recuperar sua grandeza perdida no espaço, por uma nascente burguesia que despontava no meio do caminho. No caso do jubilado deveria melhorar a tonalidade de seus sermões dominicais e semanais e sem disciplinar os fieis até então problemáticos ou difíceis na ótica pastoral, concluo essa coluna indicando ao caro leitor o livro Produção de Sentido de Hans Gumbrecht , e sempre acompanhe nossas colunas por esse jornal. Até breve caro leitor.