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Por Bianca Oliveira.
Uma vez, combinamos de irmos para um riacho, todos com seus equipamentos, alguns carregavam mais do que deviam, outros bem pouco, apenas o essencial. Subimos a colina verdejante e nos sentamos sobre a relva cheia de orvalhos, sentimos o vento soprar forte sobre nossos rostos, as risadas abafadas pelo barulho da natureza.
Colocamos as coisas no chão e enquanto eu corria sobre o local, alguns se deitavam no chão, olhavam as nuvens dançando no céu azul, outros iam para as árvores, namorar os pássaros que voavam sem pressa sobre os pinheiros e carvalhos. O rio cantava ao som da música triste que tocava no rádio. Ninguém ousava a falar uma só palavra, todos continuaram quietos, mórbidos, apenas explorando o lugar com seus olhos brilhantes e perdidos.
Eu me ajoelhei na grama, peguei uma flor, cheirei e pisquei. Havia um garoto na minha frente.
Meus olhos se encheram de lágrimas, minha alma se encheu de dúvidas, minha mente se abriu. Ele sorriu.
Sentou-se ao meu lado, ergueu as sobrancelhas e com os olhos da cor do céu, me disse que ainda estava apaixonado. Virei-me para as árvores, cada uma delas com suas folhas dançantes, deitei minha cabeça em seu colo e lhe disse que nunca tinha amado, todos ali sabiam que eu não conseguia mais me controlar. Os olhos dele seguiram os meus e inevitavelmente eu acabei chorando. Tudo tão intenso e sem sentido, meu bem, como queria poder mudar tudo isso. Ficamos ali, por um bom tempo, ele com as braços esticados na terra vermelha, eu deitada em seu colo, sujando minha roupa de barro e meus olhos, de sentimentos.
Os outros corriam atrás das borboletas, das canções mal-escritas, das pessoas não envolvidas, o som que a vida me fez, agora eu passo àqueles que eu tanto quero e amo. O frio fazia os nossos narizes ficarem vermelhos e irritados, tinha pessoas com sangue na boca, sorrindo sobre as circunstâncias da dor. Eu evitei olhar, sabia que o céu estava nublado demais pra enxergar as estrelas lunares. Se Júpiter fazer sua rotação completa sobre o Sol, eu virei e lhe entregarei as cartas que eu tanto escrevi nas noites de tormenta. Ah, como eu sabia que você viria me encontrar, naquela noite, vi o Luar brilhar. Pulamos cogumelos, dançamos envolta da fogueira ouvindo a música suave dos violões com poucas cordas. Aos beijos, os casais frágeis, aos risos, os comediantes instáveis. Equalizando os sons, sabia a forma que minha voz fazia no vácuo, querido vento, seu assobio parece um entorpecente, me deixa tonta, me deixa bêbada de pensamentos. E eu digo mais, digo que essa viagem me fez entender que não há nada desse mundo que nos tire os sorrisos, os momentos, as ações. Criei e ainda crio um vínculo com momentos reveladores, pessoas criativas e mentes sonhadoras.
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