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Por Renato Muniz B. Carvalho.
O Januário era um velho carpinteiro. Não sei de onde veio, parece que era baiano. Trabalhou muitos anos para o meu avô, era o carapina da fazenda, “ pau para toda obra”, como se dizia na época. Se quebrava alguma coisa, se precisava construir ou “dar um jeito” em algo, chamavam o Januário.
Baixinho, pernas arqueadas, mãos grossas e cheias de calos, atarracado, forte e careca, não se separava nunca de seu chapéu de palha e da sua caixa de ferramentas. A caixa de ferramentas era seu maior tesouro. Tinha mais ciúmes dela do que qualquer outra coisa. A caixa, assim como suas ferramentas, eram intocáveis. Ninguém punha a mão.
A meninada tinha respeito e ao mesmo tempo admiração pelo velho carapina. Se estava trabalhando, não gostava de ser interrompido. Que ninguém atrapalhasse ou desse palpites,principalmente meninos. Não gostava de conversas, reservado, calado, um verdadeiro mistério. Um homem fechado, que se fazia presente através da profissão e parece que tinha consciência disso. Reformava currais, construía porteiras e outras artes mais rústicas com madeira. Certa vez, construiu uma ponte sozinho.
A caixa de ferramentas tinha algo de mágico e só funcionava na presença do dono. Uma simples caixa de madeira, sem enfeites ou figuras. Tinha uma alça e devia ser bem pesada.
Este texto foi extraído do livro: Crônicas Impertinentes, de Renato Muniz B. Carvalho.
www.choraminhices.com.br.
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