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Por J.J.Magodane.
Era ele um grande velho, de olhar soslaio, embora seus olhos não pudessem ver. Estava cego havia 25 anos. O cão Tigrão acompanhou e viu a família dos lungos crescer, ele impotente vivia a proporcionar amor e carinho. Sua família não aumentou, há quem diga que era ele o último da espécie. Ele não duvidava. Triste vivia para aquela família, como último.
A família foi passear, como era costume levaram o cachorro junto. Caminharam no bosque. Entre uma andança e outra o cachorro se perdeu na pequena floresta, seduzido por cantares de pássaros desvio-se para longe dos seus companheiros.
Anita de Sá, triste ordenou que se revirasse a floresta em busca do cachorro. Seguiram algumas pistas, eram pegadas recentes. Em volta do lago encontraram passarinhos que cantavam e se refrescavam naquele calor que parecia do deserto do calahari. Ficaram admirando por alguns minutos.
– Estou com vontade de mergulhar nessa água, disse Mário, que já tirava a roupa.
– Pode parar com isso, vamos procurar o cão.
– Não vamos nos refrescar?
– De jeito nenhum.
Arrastado Mário foi acompanhando a Anita de Sá na busca do cachorro Tigre. Gritaram, chamaram por repetidas vezes o nome do Tigre, mas este estando longe dali, não podia ouvir.
– Estou cansado.
Mário andava a refilar, ora trombando, ora deixando-se cair no capim cheio de vida e graça. Desgraçadamente em uma das trombadas caiu no ninho de cobras. Gritou: “Cobras! Cobras!”, mas ninguém queria ouvir.
– Para de enrolar, vamos. Disse Anita, mas Mário continuava caído e paralisado. Congelado diante das cobras em acasalamento.
Anita recuou, voltou. Foi então que viu que seu irmão estava das feras. Não hesitou, segurou-o pela perna, puxou com tanta força que os dois caíram longe do ninho das cobras. Mário gemia, tremia, suas pernas não se firmavam ao chão, sua irmã continuou a arrastá-lo até uma distância segura.
– Cadê a sua coragem, mano? Levanta-te e vamos em busca do Tigrão.
Ele tentou firmar-se, mas estava tão mole como prego na areia. Mesmo com o incentivo da irmã, não conseguia se movimentar. Estava atônito. Como um bobo, sem direção, sua voz sumiu. Engolia saliva, ofegante.
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