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Por Jahmaycon
Certa vez no ápice de uma discussão em que eu tentava convencer uma equipe gestora de uma escola a autorizar a execução de uma atividade usei a palavra certa, a palavra matadora, que fez com que todas as minhas interlocutores pedissem a palavra para tentar, antes de reconhecer por dentro (por fora negaram até o fim), que eu estava certo. A palavra em questão está no título desta crônica: medo.
Para muitas pessoas em funções decisivas, seja qual for a área profissional de atuação, esse medo pode ser determinante para o fracasso do trabalho. Mas quando se trata de formar pessoas, é ainda mais decisivo. Numa indústria, se um não arrisca, outro arrisca e no fim das contas sempre surgem inovações. Mas na educação é diferente. Quando os profissionais deixam de propor atividade por causa desse medo que paralisa, não haverá outra pessoa para executar. Passou, perdeu-se a chance e a formação desses estudantes vai ficando cada vez mais prejudicada.
Algumas pessoas, talvez sem a percepção disso, deixam de fazer muita coisa por medo das consequências. Não querem assumir responsabilidades, temem o resultado adverso e fogem como diabo da cruz das explicações e correção de rota. Elas pensam implicitamente que se não fizerem nada, não terão problemas. Nada que se explicar. Nada que refazer.
O que fazer então para superar isso diante de um mundo que gosta tanto de condenar e pouco de ajudar e compreender? É comum vermos as professoras da creche não levarem as crianças ao parquinho porque se uma cai e rala o joelho a mãe vem bufando brigar com ela. Se tem uma excursão, e não podem todos, aparecem alguns pais esbravejando que seus filhos não foram porque são perseguidos e injustiçados. Então, para evitar dar explicações muitos preferem não fazer nada.
Mas e os alunos, como ficam? decepcionados e desanimados com a inércia da escola. Ouço sempre a frase “nessa escola não acontece nada”. Não tem festa porque teme-se que haja dança erótica, que haja beijo de língua, que haja brig, que haja… na verdade, tudo que eles querem e precisam é comer guloseimas com os colegas e jogar conversa fora no último dia do ano. Ou irem fantasiados para fazerem um desfile no dia das bruxas, andarem pela escola orgulhosos de si e voltarem para casa felizes. Raramente algo acontece, mas basta uma ocorrência leve, para condenar todos que ousarem permitir a festinha.
E assim o medo toma conta, paralisa as pessoas e os coitados vivem única e exclusivamente a rotina da qual não se pode fugir: entrada, sala, intervalo, sala, saída. E mesmo nestes momentos não podem correr, não podem falar alto, não podem, não podem, não podem… simplesmente porque os que deveriam permitir, supervisionar e zelar, não conseguem das as devidas explicações quando necessário, pois como disse o educador Jorge Larrosa Bondía: toda experiência é aprendizagem. Bastaria dizer os motivos da atividade e vida que segue, mas infelizmente para a maioria, preferem é nunca ter que justificar nada que não seja entrada, sala, intervalo, sala, saída.
2 Responses to O medo que paralisa