O Valor da Democracia

Por Jessé Salvino Cardoso

Neste artigo se propõe a discutir atentamente a política em suas múltiplas facetas. Na perspectiva antropológica a política pode ser vista em três ângulos diferentes, mas que se interagem entre si ao longo da História da humanidade, tal interação abre um conjunto infinito de nuances que produziram tipos e ideologias, que assim permeiam nosso pensamento quando tocamos no assunto.

Que o leitor pode olhar com mais atenção, nas linhas seguintes: no ângulo ocidental que abrange todo o continente europeu, onde se nasce ás origens da democracia que temos conhecimento.

A partir do tema-título pretendo desenvolver nesta coluna, para a antiga Grécia teve um valor real e profunda relevância; para o mundo contemporâneo qual é o seu valor para a população e governantes?

Para os gregos do passado representava muito mais que a participação das camadas inferiores ou manifestações nas ruas, era ter na essência das suas vidas a palavra cidadania.

Não era um modismo ideológico como se vê nos dias presentes, nem indignação social com relação ao governo ou rompantes de fúria dos indignados.

O grego via na democracia se cotidiano o confrontar de opiniões para um objetivo: a construção da identidade da cidade e por extensão da nação. Essa preocupação com as identidades não era vista entre outros povos ou nações do Oriente Próximo.

Os povos do passado se viam numa eterna disputa pelo poder político ora manipulado pela corte, ora manipulado pelos interesses religiosos advindos de sumos sacerdotes e santuários gananciosos.

Mas os gregos viam na democracia algo mais, seria o sinônimo de uma apoteose, a transição do humano para o divino. No tocante aos governantes da época estavam com a plena disposição de ouvirem os governados e aceitavam as opiniões contrárias e são virtudes úteis para qualquer governante. Essas virtudes provêm da humanidade do governante, algo ausente nas virtudes dos atuais que agem em prol de ideologias partidárias ou populistas que temos no mundo. Os gregos presenciavam na democracia o grito pela liberdade, algo que era negado aos outros povos regidos por monarquias arbitrárias e ditatoriais, se apropriando todo governo que age assim hoje nomeou como ditadura.

Contextualizando tudo que fora refletido nas linhas acima, o mundo moderno esqueceu essa essencialidade da democracia e valorizaram os temas á margem dela, esse esquecimento gerou crises de longo alcance e fraturou povos e os governos.

E assim pode se considerar que as manifestações, nada mais sejam que um grito por liberdade dado pelas populações ao redor do mundo em questão, e observe que os governantes assumirem o poder, esquece absolutamente das suas origens e permite que sombra onerosa do poder tome direção em suas decisões.

O governante parece estar num labirinto em que consegue sair, as instituições políticas se afastaram em agir pensando no bem-estar coletivo e deixaram as tradições que permitiram sua existência, se corromperam mediante a simples e sutil presença do cifrão monetário.

Abandonaram o conselho advindo dos anciãos experientes, pois no meio do caminho perderam o equilíbrio necessário a todo e qualquer governante, e seus companheiros ao redor do poder somente apresentam acusações e críticas relevantes. Aos governantes lhes faltam inúmeras virtudes para governar, e faz necessários retomar  os valores antigos ligados ao poder , que infelizmente foram perdidos no caminho, por múltiplas razões conhecidas ou não.

O político profissional e sua classe se tornou uma classe corrupta e corruptora, não faltam conselhos que infelizmente não são ouvidos, os intelectuais sérios sumiram e entraram em cena os intelectuais favoráveis filiados ideologicamente aos partidos majoritários e a seu programa de governo. A academia acatou as decisões dos congressos nacionais, e a ciência e a sabedoria, não há sábios para um aconselhamento sério para mudanças estruturais na governabilidade.

No tocante á população, ela está tentando retomar os valores renegados ao longo do tempo, por um conjunto de motivações conhecidas em diversos momentos da História. As forças do povo acenderam mediante as decisões precipitadas, surgiram ás reivindicações mais duras se as promessas não cumpridas advindas de políticos descompromissados com a população, tais cobranças refletem a dureza fria da realidade.

A percepção do grego antigo ou do cidadão moderno mudou conforme as mudanças temporais ou sociais  em que trouxe novas reivindicações que envolvem as inquietações do mundo moderno e seus desdobramentos, mas deve-se recuperar o valor pela democracia em sua essência.

 

Lembra-te que és homem

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