Basta parecer honesta

Por Jahmaycon

Vendo a conduta totalmente contraditória de alguns políticos de personalidades da mídia brasileira não tem como não me lembrar da famosa frase do primeiro imperador romano: “a mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”. Essa frase prova que não é de hoje que a imagem pública de um governante importa tanto quanto sua conduta moral ou própria integridade ética.

No mundo de hoje isso é ainda mais relevante. Mas, no Brasil, essa lógica foi bastante subvertida, pois a conduta moral e ética dessas pessoas já não importa nadinha. A imensa maioria não tem escrúpulos e muito menos honestidade. Porém a imagem importa demais, por isso os esforços já não são para manter seus correligionários na linha, mas por criar imagens deles. Imagens totalmente artificiais e muitas vezes sem nenhuma base na realidade, ou seja, basta parecer honesta.

O mais inacreditável de tudo isso é que com tantos meios de comunicação independentes e tanta pluralidade de ideias as pessoas ainda compram esse discurso.

Quando os meios de comunicação eram totalmente dominados por grupos poderosos aliados a interesses pessoais de uma classe dominante era possível entender que as pessoas, com pouco estudo, comprassem esse discurso, pois era o único ao qual tinham acesso. E muitas vezes mesmo sem comprar, não tinham alternativas na hora de eleger seus representantes (isso quando podiam eleger, afinal o Brasil é pródigo em golpes ditatoriais). Mas hoje é diferente, existem opções.

Então o que leva as pessoas a continuarem defendendo pessoas com discursos tão contraditórios? A aparência. 

Muitos sabem que suas igrejas estão repletas de condes Joões, cheirando a religião, mas que não creem em deus. Sabem, e mesmo assim apoiam porque veem neles a manutenção de sua própria moralidade nos meios de poder. Com isso eles acreditam que poderão usufruir de benefícios fiscais em suas empresas, obras e igrejas. A verdade é que não apenas entre os poderosos reina a aparência, ela está no dia a dia das pessoas comuns.

Aquele pastor que finge acreditar no discurso do político. Aquele militante que finge não perceber os desvios do seu candidato também prega o lema do basta parecer. Afinal, eles contribuem para esconder os fatos da maioria e manter a falsa imagem midiática.

Estamos vivendo um mundo de aparências, por isso é tão importante sermos sempre francos em nossos propósitos e objetivos. Por mais que muitas vezes pareça arriscado, é sempre melhor manter a consciência leve do que viver se escondendo e com remorso ou arrependimento por ações que muitas o próprio indivíduo condena. Sabemos que o erro faz parte, mas a partir do momento que se toma consciência disso, é tempo de mudar ou corromper-se.