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Por Jahmaycon
Todos os dias a cena se repete: a mãe fica na porta até o elevador chegar, quando o filho entra ela manda coraçãozinho, beijos e diz que o ama. Muitas vezes ela pede para ele ligar ou mandar mensagem para avisar que chegou vivo à escola, que fica do outro lado da avenida onde eles moram. Eu moro alguns andares acima desta família e presenciei a constrangedora cena várias vezes, pois saímos praticamente no mesmo horário e com frequência pegamos o mesmo elevador.
O filho é um adolescente que deve ter 16 ou 17 anos. Nota-se o constrangimento e a vergonha do garoto quando estamos no elevador e a mãe o trata dessa forma infantilizada. Ele responde balbuciando alguma coisa ininteligível apenas para não deixar a mãe no vácuo, mas como qualquer adolescente normal não se sente confortável ao ser tratado como se tratam os bebês.
Este acanhado rapaz é um clássico espécime da geração Z, cujos pais superprotegem. Muitos desses jovens mal podem ir sozinhos para a escola, muitas vezes, mesmo o colégio sendo perto, acabam sendo levados de carro. Estes jovens, cuja maioria pertence a grupos sociais de maior poder aquisitivo, são vítimas da paranoia de seus pais, que sempre inventam uma desculpa para não deixarem seus filhos serem independentes: assalto, sequestro, trânsito, homem do saco, sempre há uma justificativa. Obviamente não posso negar que muitos dessas preocupações são justificáveis, pois alguns destes perigos são muito reais, mas há certo exagero nisso.
Outra coisa que esta geração de pais (associados às chamadas gerações X e Y) fazem é apontar a geração Z como exemplo do fracasso da humanidade. Os defeitos mais comumente apontados são o sedentarismo, a dependência paterna, o isolamento e a falta de afetividade. São características fáceis de se identificar as causas, pois são fruto do modo como os pais deles os criam: presos em casa, com pouco contato com amigos fora do ambiente escolar (se dependesse da vontade de alguns pais nem isso teriam). Como a maior parte da interação entre amigos é por meio de aparelhos eletrônicos, acabam não desenvolvendo algumas emoções.
Vejo com frequência, nas redes sociais, memes associando as gerações de nascidos antes de 1990 como os tempos perfeitos, das brincadeiras na rua e ficar fora de casa até tarde. Certa vez questionei uma amiga que fez uma postagem dessa apontando que a geração digital não sabe o que é se divertir. Concordo plenamente com ela, não sabem, mas de quem é a culpa? Quando a questionei se era permitido à filha dela desfrutar dessas experiências, mandou eu cuidar da minha vida.
Diante da reação desta pessoa só me resta lamentar. Estes adultos que reclamam que o mundo está perdido são incapazes de enxergarem e aceitarem sua própria responsabilidade. São pessoas mimadas que convivem pessimamente com o contraditório, pois ai daqueles que ousarem apontar falhas na criação de seus pimpolhos. Além de se exaltarem, eles adoram criticar os adolescentes como fracos. Porém o que tenho visto é o exemplo de como não se deve educar um filho: uma grande parcela de pais permissivos ou até mesmo omissos que são incapazes sequer de orientarem os filhos e outra parcela de pais superprotetores que não deixam os filhos desenvolverem sua autonomia. Falta o meio termo, falta a educação que estimula a independência e ensina a responsabilidade e responsabilização por seus atos. O que falta a essa geração é parar de culpar os filhos por seus próprios erros, que contribuíram para tornar o mundo mais violento e individualista.
Portanto, a geração fracasso é aquela que comete erros e ainda pune os inocentes por isso.
Jahmaycon – Jornal Choraminhices.
One Response to Geração Fracasso: qual delas?