Por Enzo Nunes
~ I ~
Reencontro
20 Anos se passaram desde os acontecimentos de na casa de Weatherstaff. Mary já estava adulta e trabalhando em Wilsen e se separou de seus antigos amigos. Ela trabalha numa loja de achados antigos, quase relíquias, perto do grande relógio da cidade. Mesmo ela se afastando ainda tinha uma amizade com eles, Dickon também se mudou para Wilsen, porém numa região mais afastada da cidade e também tinha uma loja de materiais de jardinagem. Colin continuou no casarão de Weatherstaff cuidando do seu pai que já estava bem velhinho, Colin começou a cuidar bem mais de sua saúde e perdeu aqueles pensamentos de sempre estar doente e frequentemente ia para Londres.
Um dia, na loja que Mary trabalhava, aconteceu uma promoção que atraiu muitas pessoas, naquele dia Colin foi para a loja, pois seu pai disse que queria um porta velas
– Olá, bem vind… Colin!? – Mary exclamou – O que você veio fazer aqui? Quanto tempo!
– Oi, como vai, Mary? – Colin disse com um sorriso de canto e estendendo a mão – Vim comprar um porta velas e vi que estava em promoção.
– Ah! Sim, entendi, vou bem e você? realmente não esperava você vir aqui! – Mary estende de volta e também dá um sorriso de canto – Aqui sempre é muito parado mesmo sendo no centro, essa promoção está deixando a loja muito cheia quase o dia todo, ainda mais por causa das comidas que estão sendo vendidas aqui também.
– Sério? não sabia que aqui vendia comidas também – Respondeu Colin – vou começar a passar por aqui já que sempre passo por perto quando meu pai pede.
– Falando nisso, como vai seu pai? – Mary pergunta.
– Ele está bem mais velho agora, mas está cuidando da saúde, ele começou a fazer isso quando eu também comecei a me cuidar – Colin responde.
– Desde que eu me mudei pra cá, nunca mais fui para o casarão, realmente preciso ir lá – Mary percebe quanto Colin cresceu e está se cuidando bem mais, ele não tinha mais aquele corpo magro e nem manchas de choro no rosto – O que você vai fazer depois? Eu estava querendo ir para o casarão, se você estiver livre posso ir para lá?
– Claro que sim! – Exclamou Dickon – Podemos ir pra lá mais tarde. Que horas você sai do trabalho?
– Eu saio às 18h30 – Retrucou Mary
– Beleza, mais tarde eu venho aqui e nós vamos juntos – exclamou Colin.
– Antes, vamos passar numa loja de jardinagem? – perguntou Mary.
– Vamos sim – respondeu Colin – Tchauzinho!
– Tchau Tchau! – Acenou Mary.
Mary continuou trabalhando na loja até o fim do expediente, estava realmente muito cheio, até sua chefe teve que atender a lojinha londrina
– Mary, já repôs o estoque de cachorro quente? aproveita e já pegue mais refrigerante, Coca-cola, Fanta e Pepsi – Disse Winifred, chefe de Mary e das 3 franquias dessa loja
– Sim chefe! – Disse mary – Estou indo buscar os refrigerantes –
Winnifred Hoffmann veio de uma família rica da Alemanha, proprietária de alguns comércios e fazendas. Seu pai, Heinrich Hoffmann, criou a franquia de relíquias e uma das maiores fazendas da Alemanha, a fazenda Hoff X Müller, que é dividida entre duas famílias. Winnifred ou apenas Winnie, é uma mulher alta que usa roupas chiques e quase sempre usa sobretudo e coturno, ela já estava nos seus 40 anos e sempre foi muito conhecida em londres, pois foi uma das primeiras das famílias alemãs que se mudou para londres da época (1950s) junto com sua melhor amiga Eleanor Müller que é dona da maior rede de jardinagem londrina.
Mary ouvia de longe Winnie falando no telefone.
– Olá, Winnie aqui, como posso ajudar?. Sim… Hoje já é o dia? Ok, mais tarde retorno – ela desliga.
Mary achou estranha essa ligação já que foi no telefone pessoal da Winnie, que nunca ninguém tinha ligado antes. Mary até achava que ele não funcionava.
– Mary, venha aqui – Winnie chama ela com uma voz séria e fria
– Sim, senhora – Mary chega com um olhar assustado e com frio na barriga
– Você pode sair 20 minutos mais cedo hoje, tenho um compromisso e vou sair às 18h10, termine de fechar a loja, pois já estou indo – disse Winnie com a voz séria.
– Tudo bem! Vou terminar de fechar e vou sair mais cedo também – Mary responde aliviada, pois achou que seria algo mais grave.
Mary então fechou a loja e ligou para Colin para avisar que sairia mais cedo do trabalho e já iria direto para a loja de jardinagem.
Mary sai da loja e vai até um ponto de ônibus para ir para a loja de jardinagem. Ela esperou quase 10 minutos para o ônibus chegar e quando chegou demorou mais 10 minutos para ir para a loja. Enquanto isso, Colin já estava indo direto do casarão para a loja de jardinagem já que o ônibus também passa lá.
No caminho, Colin viu do outro lado da rua o carro de Winnie, famoso por sua pintura de duas cores, bordô e creme. Ele fica confuso, pois nunca viu Winnie passar por ali, já que ela morava no outro lado da cidade
Dickon estava trabalhando na loja de jardinagem Muller, quando sua chefe Eleanor também precisou sair às pressas de lá
– Dickon, recebi uma ligação importante e vou precisar sair mais cedo, você precisa ficar aqui por mim até as 19h00 – Eleanor disse.
– Tudo bem! Isso já vai contar como hora extra? – Dickon pergunta.
– Vai sim, não se preocupe. Estou indo – Eleanor fecha a porta da casa de jardinagem e passa pelo portão que leva a rua.
Eleanor ou apenas Ellen, era diferente de sua melhor amiga Winnie, uma mulher mais extrovertida e bem mais alegre, sempre tentava levar a vida mais feliz mesmo com tudo que acontecia na vida corrida dela, porém seu passado sempre foi muito secreto e extremamente misterioso. Desde a época da fazenda Hoff X Müller, quase nada de sua vida pessoal e de sua família veio à tona, muitas pessoas inclusive acham que a loja de jardinagem foi feita apenas para cobrir algum escândalo de sua família. Seu pai, August Müller, era melhor amigo de Heinrich e tinha grande influência de uma certa região alemã e ele também tem seu passado escondido da mídia, mesmo com sua grande influência no ramo de fazendas.
– No caminho da loja, o ônibus de Mary acaba quebrando e ela teve que descer, sorte dela que a loja de roupas de sua amiga ficava ali perto, menos de 5 minutos.
– Mil perdões, senhorita! O ônibus realmente não quer colaborar – o motorista do ônibus se desculpa.
– Tudo bem! – Mary responde com uma voz doce e gentil – Muito obrigada mesmo assim!
Mary então segue seu caminho até a loja de roupas de Meuri, para pedir carona a ela. No caminho, Mary vê um carro bem diferente do comum, ele era amarelo e cheio de plantas no banco de trás. Mary achou estranho já que nunca viu aquele carro por ali e viu um rosto familiar dirigindo.
– Caramba que estranho – Mary resmunga – esse rosto parece da dona da loja de jardinagem, ainda mais cheio de plantas!
Chegando na Garnier & Moreau, loja que Meuri trabalhava, Mary bate na porta de vidro da loja e dá uma bisbilhotada pela vitrine.
– Mary! – Meuri diz enquanto se aproxima da porta. – como você está?
– Oi! estou bem e você, Meuri? – Mary responde
– Tô ótima! O que você veio fazer aqui? não devia estar trabalhando agora? – Meuri pergunta.
– Winnie liberou mais cedo, Na verdade estou indo pra loja de jardinagem da Eleanor, porém o ônibus quebrou no meio do caminho. – Mary responde.
– Eu vim aqui na verdade te pedir uma carona – Mary complementa meio tímida.
– Ah, sim! Posso sim. – Meuri responde dando risada – Vou pegar a chave do carro, você espera aqui?
– Espero sim. – Mary responde.
Enquanto isso, Mary liga pelo telefone da rua para avisar Colin. Ela esperava quando viu Meuri voltando com as chaves e uma caixa.
– Mary! Tenho um presente pra te dar – Meuri disse com um rosto alegre.
– Sério? Muito obrigada!
Mary abre a caixa e vê uma cartinha junto com um bombom de maracujá e uma roupa.
– Faz tempo que a gente não se via então fiz esse presentinho pra você, eu ia entregar amanhã, mas como você já está aqui então já entreguei. – Meuri explica.
Mary abraça Meuri e fala com uma voz doce.
– Sério, muito obrigada amiga, fazia tempo que não ganhava algo tão fofo igual a isso.
– Nada, amiga. – Meuri responde com um rosto fofo. – Bora pro carro agora.
– Vamos. – Mary responde.
Elas entram no carro e vão conversando sobre o que aconteceu nas vidas delas. Elas estavam a quase 1 ano sem se falar, então falaram muito até chegar na loja de jardinagem.
Dickon vê pela janela o portão abrindo, era Colin, ele então saiu para cumprimentá-lo.
– E aí Colin? Como vai? – Dickon pergunta.
– Opa! Vou bem e você? – Colin responde.
– Primeira vez sua aqui né? Veio fazer o que aqui? – Dickon questiona.
– É sim, estou esperando a Mary pra gente ir pro casarão. – Colin Responde – Inclusive você quer vir com a gente?
– Claro que sim. Porém eu tenho que ficar até às 19h00 – Dickon complementa.
– Ah, sim – Colin responde.
Depois dessa conversa, ficou um clima estranho entre os dois, já que nunca foram tão próximos. Enquanto isso, Mary já estava bem próxima de chegar à loja. Dickon e Colin viram pela vitrine o carro de Meuri chegar e Mary sair dele. Como a loja em si ficava um pouco mais alta que o jardim, onde ficavam as plantas, deu pra ver elas se despedindo.
– Tchau, Mary! Se cuida! – Meuri exclama enquanto o carro segue o caminho.
– Tchau! Tchau! – Mary responde de volta.
Mary veio subindo a ladeira entre o portão e a porta da loja.
– Oi, Oi, gente! – Mary abraça Colin e Dickon.
– Oi, Mary. Quanto tempo! – Dickon abraça de volta.
– Sim – Mary responde rindo.
– Oi, de novo! – Colin comprimenta.
– Oi! Oi! – Mary responde.
– Colin já me convidou para ir com vocês até o casarão. – Dickon afirma.
– Ah, sim, também viemos aqui pra pegar algumas coisas para limpar e organizar o jardim secreto, Faz muito tempo que não vamos pra lá não é? – Mary questiona.
– Sim, faz muito tempo mesmo. – Dickon responde.
Eles chegaram às 18h20 e ficaram até o Dickon finalizar seu turno na loja. Mesmo depois de fechar às 19h00, Dickon precisou limpar algumas mudas e organizar a loja, já que era o trabalho de sua chefe essas coisas.
Mais tarde, às 19h20, eles finalmente fecharam e saíram da loja, eles seguiram pela avenida até um cruzamento para pegar um táxi. Chegando lá, eles esperaram pouco tempo até o táxi aparecer, eles entraram no carro e falaram onde ficava o casarão.
– Olá, estamos indo pro casarão do Weatherstaff. – Mary disse.
– Boa noite, Tem algum ponto de referência? Não sei onde fica. – O taxista pergunta.
– Sim, Sim, fica na mesma rua do Hotel Coleridge. – Mary ajuda o taxista com a direção.
Chegando lá, eles pagaram o taxista e foram andando até o portão da casa. Colin foi na frente por ter a chave da casa. Lá estava um clima meio estranho. Janelas fechadas, Luzes apagadas, mesmo assim eles entraram na casa.
Lá dentro, Colin grita pela Martha.
– Sra. Medlock?
– Oi… – Medlock aparece com um olhar extremamente preocupado.
– Medlock, trouxe Mary e Dickon. – Colin disse com um rosto sorridente
– Oi… gente… – Medlock comprimenta ainda assim com um olhar assustado.
– Medlock, tá tudo bem? – Mary pergunta.
– O Ben… Ele… Ele sumiu… – Os olhos de Sra. Medlock se enchem de lágrimas e ela se senta numa poltrona.
– Como assim ele sumiu? Ele não está no escritório dele? – Colin pergunta – Dickon vai na cozinha e pega um copo de água pra ela.
– Ok. – Dickon vai até a cozinha e traz o copo de água.
– Eu.. Eu não sei onde ele tá, eu já procurei em todo lugar. Ai, meu Deus e agora, meu Deus! – Medlock começa a ficar vermelha e seus olhos lacrimejando mais e mais.
A Sra. Medlock colocou suas mãos no rosto e bateu seus pés no chão. Todos ficaram extremamente preocupados e começaram a buscar ele por toda a casa. Enquanto isso, Martha ainda estava muito ansiosa, como se ela soubesse de alguma coisa.
– Achou alguma coisa? Mary pergunta para Colin.
– Nada. – Colin responde
– Gente! Venham aqui! – Dickon grita pelo lado de fora da casa. – A porta está entreaberta.
– Que porta? – Perguntou Colin – Mary, ligue pra polícia, ele realmente não está em casa!
– Ok, estou ligando. – Mary liga para a polícia no telefone da sala.
– A porta do jardim está entreaberta! – Dickon Exclama.
– Sim, mesma rua do hotel Coleridge. – Mary fala no telefone.
– Mary, venha aqui! – Colin grita.
– Ok! – Mary responde e vai até o jardim onde estavam os dois.
– Olhe a porta! – Colin exclama.
– Devemos entrar? – Mary se questiona.
– Sim! – Dickon responde com a voz ansiosa.
Dickon então enfia a mão nas vinhas que cobriam a porta e abre.
Eles viram algo completamente diferente do que existia antes, estava tudo podre, o chão todo escavado e no fundo um túnel junto com uma pá e uma carta. Eles então foram se aproximando e viram o quão fundo era o túnel, era escuro e parecia que tinha sido desenterrado há pouco tempo.
Colin pegou a carta e leu em voz alta.
– Ben aqui. Não procure por mim, isso foi necessário, está tudo interligado novamente… 7 dias. – Colin leu.
– Como assim, 7 dias? – Mary exclama.
– Não procurar por ele? Por quê? – Dickon se questiona.
Um alto e grave barulho sai do túnel, derrubando terra dentro dele e uma forte dor de cabeça ataca os 3, a porta do jardim se fecha violentamente.
~ II ~
Túnel
Mary, Dickon e Colin decidiram entrar neste túnel, já que podia ser um esconderijo de Ben.
– Quem vai primeiro? – Perguntou Mary.
– Eu posso ir. – Afirmou Dickon.
Eles então entraram em sequência, Dickon foi na frente, logo após Mary e Colin. Eles seguiram pelo túnel até chegarem numa bifurcação, nela havia uma placa escrito em alemão: Vergangenheit – Geschenk – Zukunft, Eles não sabiam o que estava escrito, em cada palavra havia uma seta, eles seguiram pela direita.
Depois de 2 minutos se rastejando pelo túnel que mais parecia uma caverna, um grande estrondo foi ouvido, igual ao que eles ouviram quando estavam fora do túnel, desta vez, os ouvidos deles começaram a apitar muito alto até eles desmaiarem, o barulho foi tão alto que pedras caiam sobre eles.
Tempos depois eles acordaram do desmaio, confusos e com muita dor de cabeça
– Ai, minha cabeça tá doendo muito. – Exclamou Colin
– A minha também, – respondeu Dickon.
– Acho melhor a gente voltar para a casa, o que vocês acham? – Questionou Mary.
– Também acho. – respondeu Colin
– Porém, de onde a gente veio? – perguntou Dickon.
– Eu não sei, não tô lembrando, tá tudo tão confuso. – Afirmou Mary.
– Acho que por aqui? – Apontou Colin.
– É verdade, vamos por aqui – Dickou tomou a iniciativa.
O clima ficava cada vez mais quente e seco, os olhos deles ficaram ressecados e começaram a tossir.
Depois de alguns minutos se rastejando pelo túnel, finalmente acharam a saída. Eles viram um céu extremamente alaranjado e muita fumaça, quando finalmente saíram do túnel e olharam em volta, viram que estavam num deserto gigante, sem nenhuma vida e uma areia extremamente grossa, o lugar tinha um cheiro terrível que dava ânsia de vâmito e um vento abafado cobria seus corpos.
– Meu Deus, o que é esse lugar? E de onde a gente veio? – Mary se pergunta.
– Não é possível, tá muito diferente, não é o mesmo lugar, nunca, nunca, nunca.
– A gente não veio daqui. – Apontou Dickon olhando para o horizonte.
Seus olhos estavam lacrimejando e o vento abafado estava deixando eles suados. Eles continuaram seguindo tentando achar alguma coisa neste lugar sem vida. Pouco tempo depois, eles ouvem um grande estrondo, dessa vez não estava vindo do túnel e sim do céu.
– O que foi isso? – Exclamou mary
– Eu não sei, não veio do túnel, isso eu tenho certeza. – Dickon Responde.
– Veio do Céu. Olha lá – Colin exclama.
Eles olham para o céu e veem um avião pequeno soltando uma fumaça preta e girando sem rumo, o avião estava caindo e estava rápido.
– É um avião! – Exclamou Dickon.
O avião cada vez mais, mais e mais se aproximava do chão. Os três tentavam chegar perto, presumindo que o avião iria cair.
– Vai cair aqui! – Exclamou Mary apontando para a frente.
Poucos segundos depois o avião finalmente cai, de dentro dele um senhor com roupas de época e uma longa barba. Por conta da queda, o senhor estava sangrando e estava extremamente fraco, sem forças para sequer sair do avião sozinho.
– Deixa que eu te puxo! – Disse Colin enquanto pegava em um dos braços do senhor puxando pra fora do avião que estava com um forte cheiro de queimado saindo do motor.
– Eu também ajudo! – Exclamou Dickon.
Os dois pegaram o senhor e o tiraram de dentro do avião. O senhor conseguia falar algumas palavras.
– O Pequeno. Onde ele tá, onde, me fala – O senhor fala com uma voz falha e quase chorando. – Eu preciso encontrar ele, eu preciso.
– Qual seu nome? de onde você vem? – Mary pergunta enquanto pega um pano que guardava em seu bolso. Era o pano do presente que Meuri deu a ela, o pano estava fazendo um laço sobre a caixa. Mary também lembrou que não abriu o presente e deixou em uma mesa no casarão.
– Meu nome? Não lembro! todos me chamam de aviador, preciso encontrar o Pequeno. – O aviador responde.
– Que pequeno? Perguntou Mar, confusa, enquanto Dickon e Colin estavam tapando os machucados do aviador.
– Pequeno príncipe, o Pequeno princip… ah! – o aviador responde enquanto gritava de dor, ele tinha se machucado feio e estava a beira da morte.
– Quem é ele? – Perguntou Mary.
– Ele… ele… aaahhh!!! Eu não lembro, tá doendo muito! – O Aviador não conseguia falar, ele estava muito machucado.
– Se encontrarem ele… Ahhh! Avise ele que eu tentei procurá-lo… – O Olho dele começa a fechar lentamente e sua respiração fica cada vez mais calma até ele parar de respirar.
– Meu Deus! Ele Morreu?! – Mary se pergunta
– E-E-Eu não sei! – Dickon não soube responder.
– Eu vou tentar fazer uma massagem cardíaca! – Colin exclama.
Eles tentaram muito reanimar o aviador, nada funcionou, então eles apenas aceitaram que ele morreu.
– Olha! Tem uma carta no bolso dele. – Dickon aponta.
– Realmente! Deixa que eu pego. – Colin responde e começa a ler a carta
– Vi algo sobre 7 dias, estava escrito presente em alemão, será que tem alguma ligação com o pequeno? realmente não sei, nem sei se vou achar ele nessa vida, nem sei se tudo isso que estou vivendo é uma ilusão, realmente não sei de nada.
Eles se olham e Mary começa a chorar, pois nunca tinha visto alguém morrer igual ele morreu.
Olhando no horizonte, várias silhuetas brilhando azul e branco, várias e várias, quase infinitas. Uma dessas silhuetas vinha se aproximando, quase como uma ilusão de ótica, quando essa silhueta já estava quase a frente deles, ela sumiu, pouco tempo depois ela reaparece, dessa vez indo embora levando com ela uma outra silhueta, do mesmo tamanho do aviador que havia acabado de morrer. Eles se olharam como se estivessem drogados ou algo do tipo, nenhum deles havia visto algo parecido.
– Vocês também viram isso? – Mary cochicha enquanto enxuga suas lágrimas
– Sim, eu vi – Dickon responde
– É, É eu também vi – Colin responde gaguejando enquanto olhava fixamente para o horizonte.
– Acho que depois dessa, melhor a gente tentar voltar não? – Dickon questiona.
– É melhor mesmo, vamos só ver o que mais tinha no avião – Mary responde.
– Dickon e Mary começam a procurar algo pelo avião, como de onde ele veio ou quem era o aviador, não encontraram nada. Colin ainda estava olhando para o horizonte, uma pequena lágrima caiu do olho dele, quase como se ele tivesse hipnotizado.
Depois que não encontraram nada, os três voltaram para o túnel, desta vez para achar o caminho de volta para o casarão.
– Dessa vez vamos lembrar quem estava na frente, para a gente não se perder, ok? – Dickon aponta.
– Tudo bem. – Mary responde
– Ok! – Colin responde.
Dickon então vai na frente, todos estavam muito confusos com o que tinha acontecido naquele lugar. Algum tempo depois se rastejando pelo túnel, aquele grande estrondo é ouvido de novo, dessa vez eles não desmaiaram, só ficaram com uma dor de cabeça terrível. Continuaram seguindo até voltar para a bifurcação, dessa vez eles sabiam para onde ir, e continuaram pelo caminho de onde eles vieram. O túnel parecia maior e muito semelhante a uma caverna.
Eles finalmente saíram do túnel e voltaram para o jardim secreto.
~ III ~
Coleridge
O Hotel Coleridge ficava a poucos metros de onde o casarão ficava, famoso no começo do século XX por ser o principal hotel de Wilsen e Yorkshire, porém cada vez mais o hotel veio ficando abandonado e sem hóspedes, a recepcionista super conhecida já que trabalhava lá desde sua inauguração, a senhora Helene Fischer, sempre reclamava de como lá estava vazio. Já fazia 33 anos desde que o hotel ficou cheio pela última vez, ela tinha um filho, o nome dele era John Fischer, todos moravam na mesma rua do hotel e do casarão.
O nome do hotel vinha do grupo de fazendeiros Coleridge, um dos fundadores era bem próximo de Heinrich Hoffmann, pai de Winifred. O hotel sempre foi um lugar extremamente misterioso, com vários quartos trancados e sem chaves.
Enquanto Colin, Dickon e Mary estavam dentro do túnel, um cliente chegou na recepção.
– Sim, Sim. Calma aí, já, já te retorno. – Helene falava no telefone.
– Ola? Como posso ajudar?
– Oi. Quero um quarto, algum disponível? – Um homem alto de olhos azuis, usando roupas pretas, quase como a de um padre disse:
– Temos sim, primeiro qual o seu nome? – Helene pergunta.
– Noah. Pode me chamar de Noah. – Ele responde.
– Pretende ficar quantos dias? – Helene questiona.
– 7 dias. – Noah responde.
– Tudo bem, o pagamento pode ser feito em cheque e… – Helene é interrompida.
– Aqui já está o dinheiro. Não precisa de troco. – Ele entrega o dinheiro.
– Ah! Tudo bem. – Ela pega o dinheiro. – Aqui está a chave, primeiro andar 3° quarto a direita.
– Muito Obrigado. – Noah responde com uma voz grossa, ele segurava uma bíblia.
Noah seguiu pelo seu quarto, guardou sua mala na sala que estava meio empoeirada, já que fazia muito tempo que não havia hóspedes naquele quarto. O quarto tinha uma arquitetura antiga, vários itens de época e um grande lustre com um brilho crepuscular. Ele guardou sua maleta em um armário próximo da cama, e logo já saiu do quarto rumo à recepção.
– Olá, novamente. – Noah disse.
– Olá, como posso ajudar? – Helene responde.
– Vou precisar sair agora, talvez eu não consiga voltar essa noite.
– Ah, tudo bem! Mesmo que você não volte hoje a diária vai ser contada ok? – Helene observa.
– Sim. – Noah responde de forma grosseira e se dirige a porta de entrada sem dar tchau ou algo do tipo.
Noah espera na rua, esperando por seu carro particular. Dentro do casarão, o recém contratado mordomo, que ninguém conhecia ou até sabia seu nome, observava Noah saindo. Logo depois o carro de Noah chega, um Rolls-Royce sedan, ele sempre segurando uma bíblia com ornamentos antigos. Ninguém soube naquele dia onde Noah foi.
– Você viu esse novo hóspede do Coleridge? – O Mordomo pergunta a Sra. Medlock
– Não… Não vi… – Sra. Medlock ainda confusa e assustada sobre o desaparecimento de seu melhor amigo, o Ben.
Desde a morte de seu parceiro, o Sr. Craven, a Sra. Medlock ficava mais quieta e solitária, seu único amigo agora era o Ben, que virou um grande amigo de Craven antes de sua morte.
– Ainda lembrando do Sr. Craven, senhora? – O Mordomo pergunta.
– Sim… agora que Ben também sumiu… não sei mais… – Sra. Medlock fala com uma voz trêmula. – Ainda lembro do dia em que eu levantei e ele já estava desacordado na cama.
– Eu imagino como a senhora deve ter ficado. O bom que não foi nada trágico né? – O Mordomo tenta consolá-la.
– Ainda lembro de quando passei o nome do casarão para o Ben, fiquei tão feliz, ele sempre trabalhou muito nessa casa, sabe?
– Sei sim, Ben sempre foi muito sábio, mesmo as poucas vezes que conversei com ele, já percebi muito isso. – O mordomo comenta.
Mais ou menos 1 hora depois que Noah havia saído do hotel. O mordomo estava limpando o jardim de trás quando ouviu 3 tiros de revólver vindos de dentro da casa. Ele não entendeu de primeira se eram mesmo tiros, então ele não foi na mesma hora para dentro, entretanto poucos minutos depois, Martha, que estava na casa, dá um grande estridente de medo.
– Martha!? – O mordomo grita e para o que estava fazendo para ir para a casa.
– Meu Deus! – Martha grita de novo de dentro da casa.
– Estou indo! – O mordomo acelera seu passo para entrar na casa.
Chegando na poltrona onde a Sra. Medlock estava, Martha estava segurando sua mão tentando fazê-la acordar, o mordomo não conseguia ver, já que estava atrás da poltrona. Ele foi para a frente e viu 3 manchas de sangue pelo corpo da Sra. Medlock. Ele ficou boquiaberto com a cena de sua chefe, a menos de 1 hora eles estavam conversando e agora ela havia sido morta. Os dois ligaram para a polícia, porém tiveram uma resposta desapontadora.
– Alô? Polícia de Wilsen aqui.
– Alô. Houve um assassinato no casarão de weatherstaff. – O Mordomo explicou
– Certo. Que horas que aconteceu mais ou menos?
– Foi a mais ou menos 10 minutos.
– Onde aconteceu o assassinato?
– No casarão Weatherstaff. – Ele respondeu.
– A equipe da polícia vai demorar um pouco senhor, houve o desaparecimento de uma criança na região e todos os policiais já estão em busca. Por agora tente isolar o lugar onde está o corpo. Uma pequena equipe de perito criminal está a caminho do local. – A policial desliga sem nem sequer deixar o mordomo responder.
Ele e Martha isolaram a sala e trancaram todas as portas que tinham acesso lá. Martha ainda estava em choque quando a Sra. Medlock tinha morrido, ela foi uma senhora muito misteriosa que sempre guardou muitos segredos, como seu segundo sobrenome, nunca descoberto ou também quem é seu pai e sua mãe.
Martha foi para a cozinha, sua pressão tinha caído e ela estava muito nervosa, ela nem sequer conseguia conversar com o mordomo sem nome.
– Tome, pegue isso. – Mordomo entrega um copo de água para martha
Martha bebeu a água sem agradecer e lágrimas escorriam pelo seu rosto.
– A policial falou algo sobre uma criança que desapareceu. Você ficou sabendo? – Mordomo perguntou.
– Não… – Martha responde ainda nervosa.
A campainha tocou e o mordomo foi pela porta de trás até a frente do casarão. No portão, ele viu 2 pessoas com roupas de perito criminal e crachás da polícia. Eles se apresentaram e o mordomo abriu a porta, os 3 seguiram pelo caminho de terra curta até a porta da frente, que dava na sala onde a Sra. Medlock estava.
Quando entraram e examinaram o corpo, do lado de fora, um grande bando de pássaros caíram sobre o céu, dentro da casa, as poucas luzes que estavam acesas começaram a piscar loucamente e um estrondo foi ouvido de algum lugar da casa.
~ IV ~
Desaparecido
Mais cedo, na cidade, uma família comum, sem ligação alguma com as outras famílias, estavam se arrumando para ir ao trabalho e à escola. Luke já tinha tomado seu café da manhã e ia para a escola sozinho, passando pela floresta. No caminho, 15 minutos depois de já ter saído de casa, ele encontra um homem alto, com olhos azuis, chapéu de época e uma bíblia na mão, ele convidou a dar uma carona para o garotinho já que ele aparentava estar atrasado.
– Criança. Venha aqui. – O homem estranho chama o menino.
O menino se aproxima do homem.
– Você parece atrasado. Quer uma carona? – O homem propôs
– Tudo… Tudo bem, eu acho… – Luke responde.
Luke nunca chegou à escola. Isso aconteceu antes de Mary, Dickon e Colin se encontrarem.
Mais tarde naquele dia, os pais chegaram em casa e não encontraram o filho dormindo como sempre na sua cama. Eles perguntaram para todos da cidade, chamaram a polícia. Nada disso adiantou, Luke desapareceu sem deixar rastros, como se ele tivesse sumido do mapa. Na cidade, vários cartazes alertando sobre o desaparecimento, “onde está Luke? Você viu este menino?”
Por causa disso, a polícia não estava conseguindo cobrir outros casos, como o da Sra. Medlock. A cidade estava um caos. A última pessoa que viu o pequeno Luke disse que ele ainda estava na cidade passando pela rua de sua casa ainda, a testemunha apontou que um carro preto sedan e grande passava na mesma rua, ela nunca tinha visto aquele carro, o carro seguia a criança.
Ninguém do casarão ou do hotel sabia do desaparecimento, mesmo sendo os locais mais próximos do lugar onde ele desapareceu e da rede de cavernas de Wilden, mesmo com toda a comoção.
Mais tarde, depois do desaparecimento de Luke. Noah foi fazer seu check-in no hotel Coleridge.
Mary, Dickon e Colin estavam voltando para o casarão pelo túnel, quando um grande estrondo diferente foi ouvido, como uma porta fechando, eles também perceberam que não estavam mais dentro do túnel, e sim da rede de caverna Wilsen.
– A gente tá nas cavernas. Que estranho! – Dickon comentou.
– Realmente, não é o túnel que a gente estava – Colin complementa.
– Gente, só eu que às vezes acho que parecia uma ilusão? Sei lá, foi muito estranho essa passagem pelo túnel. – Mary pergunta.
– Eu também achei! Achei que estava ficando louco. – Colin responde.
– Sim, Sim. Eu também! – Dickon responde também.
~ V ~
38-71-04
Mary, Dickon e Colin demoraram bem mais tempo para voltar ao casarão. Chegando lá, eles veem dentro da cozinha, o Mordomo e Martha conversando, eles então entram dentro de casa pela porta de trás.
– Oi, gente, voltamos. – Mary anuncia.
– Está tudo bem? – Colin pergunta.
– Bem, bem não está! Alguém assassinou a Sra Medlock. – O mordomo responde.
– O que?! – Colin exclama com um rosto de preocupação.
– Exato. A gente não sabe quem foi e porquê. Agora é esperar a polícia abrir o caso e começar a investigação. – Martha complementa.
– Além disso, uma criança desapareceu hoje cedo. Eu não sei nada sobre ainda. Vou esperar o jornal de amanhã – O mordomo também complementou.
– Que horas são? – Dickon pergunta. – Já vai dar 10 da noite. – Martha responde bebendo seu copo de água
– Caramba! Já está tarde. – Mary observa.
– A perícia já veio aqui? – Colin pergunta com um tom de voz mais alto.
– Já sim, na verdade eles estão na sala. Mandaram isolar o local do assassinato e tudo mais – Martha responde.
Eles olham pela porta de vidro da sala e conseguem ver a poltrona suja de sangue e a perícia examinando o local.
Depois desta conversa. Os 5 fizeram um lanche e se preparam para dormir, todos entraram num consenso de dormirem no casarão mesmo. Colin se recusava a dormir em seu antigo quarto, então ele dormiu num colchão junto com Mary e Dickon, cada um em um colchão em um dos quartos vazios.
Na manhã seguinte, o jornal tinha sido entregue na caixa de correios. O mordomo foi buscar e na primeira folha estava tudo sobre o caso do garoto Luke e logo depois sobre o assassinato misterioso da Sra. Medlock. Neste dia, o mordomo e Martha foram para um interrogatório na cidade. Mary, Dickon e Colin não voltaram para o túnel e nem saíram para buscar sobre o desaparecimento do Weatherstaff. O caso dele ainda não estava na mídia, como o de Medlock.
Colin foi levar Mary ao trabalho e Dickon os acompanhou. Foi um dia bastante entediante e nada muito diferente aconteceu. Uma única coisa chamou a atenção deles, nem Winnie nem Ellen foram para suas lojas.
No interrogatório, nem o mordomo nem a Martha foram acusados de terem sido o assassino da Sra. Medlock, porém uma pergunta deixou eles confusos.
– Algum de vocês viu um homem de chapéu e roupas de igreja no dia? – O policial pergunta.
– Eu o vi. Estava saindo do hotel Coleridge – O mordomo responde.
– Hmm… – O policial que estava ao lado do que estava fazendo as perguntas anotou em seu papel.
– Tudo bem. Por hoje é só! – O policial anuncia. – Obrigado pela compreensão, a porta de saída é a sua esquerda.
Eles saíram da delegacia e voltaram para o casarão. Passando pela frente da porta da sala, viram o lugar já sem corpo e sem o sangue, apenas a poltrona manchada, nenhum dos peritos estava lá.
De resto, nada fora do comum aconteceu no dia e nem nos dias seguintes.
Três dias depois de tudo ter acontecido. Na manhã seguinte, 2 cartas estavam sobre a mesa da cozinha do casarão. Os primeiros a verem foi Dickon e Mary, que acordaram mais cedo naquele dia para ajudar a manter a ordem na casa junto com Martha e o mordomo.
– Dickon, vem ver isso. – Martha o chamou.
– O quê? – Dickon perguntou – Que isso na sua mão?
– Tem duas cartas aqui, parece que foram deixadas aqui essa noite, ontem não estava aqui. – Mary responde. – Vai lá chamar o Colin, vai que é do Ben.
– Tudo bem. – Dickon concordou e foi chamar Colin no quarto. Ele levantou bem rápido e logo já foi para a cozinha, onde estava Mary sentada na cadeira.
– Posso abrir e ler essa? – Mary pergunta.
– Ok. – Colin respondeu ainda meio sonolento.
Mary abriu a carta e começou a ler.
– Vocês precisam descobrir tudo que aconteceu neste casarão. Desde a morte de sua mãe, Colin, O porquê vocês não podiam entrar no Coleridge e muito mais. Vocês vão conversar com Helene, recepcionista do Coleridge e vão falar o código: 38-71-04. Ela vai levar vocês até a minha sala e do Craven. Assinado: Ben Weatherstaff.
Mary abriu a outra carta e começou a ler.
– 4 dias… apocalipse… 1938 – 1971 – 2004… 3.333 anos no passado. 3.333 anos no futuro… última geração… – caramba que carta estranha. – Mary exclamou
– Realmente, essa outra carta também. O Ben tá vivo? – Acrescentou Colin.
– Vamos pro hotel hoje? Depois do trabalho? – Dickon perguntou e Mary e colin responderam que sim.
Mais tarde, eles se encontraram novamente na cozinha, cumprimentaram Martha e o mordomo e logo foi ao Coleridge
Chegando lá, Dickon chamou Helene.
– Olá! Helene, certo? A gente recebeu um código que parece ser da sala de Ben e de Craven.
– Certo. Vocês podem me falar? – Helene responde com uma cara séria e voz formal.
– 38-71-04 – Mary responde.
– Certo me siga.
Helene tomou a frente e foi seguindo um caminho de terra passando por toda a lateral do prédio principal, até chegar numa casa mediana com uma porta extremamente chique, ela colocou o código num cadeado bem antigo e abriu a porta.
– Se divirtam descobrindo tudo que suas famílias escondiam… – Helene disse, enquanto abria a porta e fazia um sinal com a mão para entrarem.
Logo no salão principal, um grande livro se destacava no centro. O nome do livro era: O Último Apocalipse. A questão não é onde, e sim quando… No salão, vários livros de escritores famosos por todas as paredes, de fora a fora, até pelo mezanino sobre eles. Esse livro estava disposto sobre uma mesa onde havia algumas cartas explicando tudo sobre o que era o túnel e muito mais.
– Caramba! Nunca soube que o Ben e o Craven tinham um lugar assim, ainda mais tão próximo do casarão.
Na mesa também havia 3 cartas. Em cada uma havia o nome e o sobrenome de cada um.
Mary leu para si mesma.
– Ah, Mary! Tão chata quando nova, tão gentil agora, se nunca tivesse ficado órfã nunca passaria pelo que você iria passar, sei que você já viu o túnel e está confusa sobre o que ele é. No livro sobre a mesa você vai descobrir tudo.
Colin Também leu para ele mesmo
– Mesmo com a morte de seus pais, você conseguiu superar tudo que passou, sempre via você pela janela, todo doente quando mais novo… Seus pais tinham muitos segredos, todos eles estão no livro sobre a mesa.
Dickon também leu sua carta em voz baixa.
– Ah, Dickon, sua família tão generosa, você tão generoso, sua irmã sempre soube de muitas coisas por aqui, você não poderá saber agora o que ela esconde de você, algum dia você saberá…
Os três se olharam confusos e foram para trás da mesa para ler esse livro.
Eles começaram a ler e logo na primeira página falavam sobre o apocalipse.
– O apocalipse acontece a cada 3.333 anos. Um ciclo que nunca deveria acabar, e nós estamos exatamente entre eles. O apocalipse acontece quando uma bola de matéria desconhecida surge em algum lugar do planeta, essa bola começa a crescer até acabar com tudo que havia no local, podendo até mesmo acabar com a existência de toda a história de um ser.
Na segunda folha falava sobre o túnel.
Craven construiu esse casarão e este hotel, pois ele e sua amada descobriram uma rede de cavernas, essa rede tinha ligação com a usina nuclear de Wilden, a cidade que surgiu com a criação da usina. Neste exato local, embaixo deste lugar, a caverna passa, cortando quase toda Wilden.
Essa caverna não é algo comum. Ela consegue viajar entre os apocalipses, 3.333 anos no passado ou no futuro, eu mesmo já fui ao futuro e descobri um grande deserto seco e quente. Em 1938, eu, Craven, sua amada, Medlock, Winnie e Ellen criamos a organização secreta da caverna, onde apenas a gente poderia saber sobre essa caverna. Claro que mesmo com a organização, mais pessoas iriam descobrir, uma delas foi um católico que nasceu há muito tempo atrás e sempre viajou no tempo. O nome dele era Noah. caso vocês estejam lendo isso em 2004, saiba que eles querem exterminar todos que saibam do túnel.
Também esqueci de mencionar sobre o que vai acontecer em 2004. O chamado último apocalipse conjunto, todos os 5 pontos e a caverna vão ser base do apocalipse, Noah sabe disso e por isso quer acabar com tudo que descobrimos…
Noah possui um bunker que sequestra pessoas para distrair a polícia enquanto faz sua chacina. Como já sabemos o que vai acontecer, Luke vai ser encontrado na floresta com seus olhos e o topo da orelha queimados e derretidos, além de roupas trocadas. Não havia nada que pudesse fazer sobre ele.
Todos nós do grupo (caso estejam lendo em 2004) já estaremos mortos. Tomamos essa decisão para não sofrer o apocalipse. Dickon, Mary e Colin vão se reencontrar e vão descobrir esse livro. Eu peço a Mary que vá para a caverna e siga pelo caminho que já passou para o futuro. Para Dickon, peço que vá para o caminho contrário, dessa vez para o passado, lembrem-se que as primeiras vezes que vocês entraram no túnel, estava vendo uma ilusão, o túnel agora realmente é uma caverna e vocês precisam do mapa, logo abaixo da mesa, também há 3 lanternas ali. Para colin, peço que vá para o casarão pegar a última peça secreta que completa a escultura que está logo atrás de vocês, essa escultura vai ser a única coisa que não desaparecerá no apocalipse. A peça está dentro do casarão, embaixo do tapete de seu quarto, Colin. Vocês são extremamente necessários… Assinado: Craven e Ben.
Todos se olham e ficam paralisados, em choque, já que tomaram uma bomba de informações, sem nem estarem preparados. Nem conseguiram conversar entre eles, apenas seguiu o que o livro falava, Mary e Dickon pegaram o mapa e foram direto para o casarão, junto com Colin, que foi para o casarão também, direto pro seu quarto e um clima pesado ficou entre eles.
Enquanto Colin foi para o casarão, Noah o observava enquanto viaturas passavam na rua. Ele seguiu para dentro do hotel depois de 3 dias fora. Noah segurava na sua mão, não uma bíblia, porém um livro com uma frase em dourado na sua capa. A questão não é onde, e sim quando.
Antes de entrar no jardim secreto e na caverna, Dickon e Mary acompanharam Colin até a porta do casarão.
– Ainda tô em choque com o que deve ter lá. – Dickon comentou.
– Realmente… – Colin responde meio seco.
– Eu também estou em choque Dickon. – Mary responde ele.
Depois dessa breve conversa, eles ainda não estavam preparados para fazer o que o livro pediu.
– E se a gente dormir mais essa noite e só começar amanhã? – Colin apontou.
– Por mim eu acho melhor. – Mary responde
– Por mim também. – Dickon responde
Todos entraram de acordo de não irem direto pro túnel, e sim dormirem mais uma noite, a notícia que mais o surpreendeu foi a morte de todos do grupo de viajantes no tempo.
Noah entrou no hotel e passou pela recepção, indo para o seu quarto com sua maleta e bíblia na mão. Ele foi dormir essa noite, pois a manhã seguinte iria ser bem corrida na igreja de Wilsen, a principal da cidade que sempre abre todos os dias, mesmo que ninguém vá para lá. A igreja também é um dos lugares mais misteriosos de Wilsen, seguidos pela caverna, o casarão, o hotel Coleridge e a sala “secreta” do grupo de viajantes no tempo.
~ VI ~
Plano
Colin, Mary e Dickon já tinham ido para a cama. No hotel, a Sra. Helene estava terminando seu turno para ir embora quando viu Noah passando pela recepção sem chamar ela ou algo do tipo. Quando já estava indo embora, ela ouviu Noah chamando.
– Helene. Helene Fischer venha aqui.
– Sim? O que posso ajudar? – Ela pergunta.
– Você realmente tentou se esconder por todos esses anos? – Ele perguntou enquanto segurava algo atrás de suas costas.
– Como assim? – Helene perguntou.
– Há exatamente 33 anos atrás, você entrou pela caverna, e viajou para o passado, não é? – Noah perguntou
– Senhor, do que você está falando? – Helene já estava ficando nervosa e com medo.
– Eu já sei que você não se chama Helene. Seu nome é Martha. – Ele anuncia enquanto mostrava a coisa que estava nas suas costas. Uma pistola, ele aponta a arma para ela
– Você, há exatamente 33 anos, viajou no tempo para 1971, o ano em que o casarão e o hotel foram construídos, você estava perdida, eu lembro, eu vi você. Você teve um filho, John Fischer, o mordomo do casarão que hoje trabalha com você mesma do passado, por isso que você sempre evitou o casarão. Eu já sei de tudo.
– Na-Na-Não. Vo-Você deve Tá confundindo – Helene gaguejava muito quando ele começou a falar de seu segredo mais profundo, ainda mais apontando uma pistola para ela. Helene via o cano da pistola como sendo a morte indo buscá-la
– Eu confundindo? Não adianta esconder Martha. – Noah respondeu de forma debochada, enquanto recarregava a pistola.
– Quem é você! – Helene perguntou
– Eu sou aquele que deve acabar com todos que tiveram contato com a caverna. A próxima é você, Martha… – Noah responde
Noah puxou o gatilho da arma contra Helene, ela não conseguiu reagir. Helene, ou melhor Martha, morria ali, depois de viajar no tempo e causar um paradoxo onde ela vivia na mesma hora que ela mesma no futuro.
Noah rapidamente tapou a ferida, certificou que ela estava morta e a levou para os fundos do casarão, coberta por um cobertor preto. Ele entrou dentro da caverna e dentro dela viu pela primeira vez o sacrifício de todos do grupo de viajantes, incluindo seu pai. Heinrich Hoffmann e de sua irmã, Winifred Hoffmann. Noah começou a chorar discretamente já que sempre amou muito os dois, porém sua igreja o preparava para prender e castigar todos os viajantes do tempo. Ele coloca o corpo de Marta ao lado de seu pai.
Noah Hoffmann saiu da caverna e voltou para o hotel. Martha que estava dentro do casarão viu esse homem saindo do jardim, ela nunca tinha visto aquela porta e decide entrar. Quando Martha entrou, viu uma grande caverna e passos recentes na grama.
– Meu Deus! – Martha falava baixo para ela mesma.
Ela então olhou para a caverna e decidiu entrar. Mesmo sem rumo, ela vai seguindo até achar uma porta bem pequena, nela havia um desenho de um triângulo com 3 datas, 1938-1971-2004. Ela entra no túnel e um vento extremamente forte começa a sair de lá.
– As luzes do lado de fora começaram a piscar loucamente e os pássaros caíram sobre o jardim. Noah viu isso e deu um grande sorriso
– Não vai ser o último! Não vai ser!
Martha entrava cada vez mais no estreito túnel com um vento que ficava cada vez mais forte, sua xuxinha que prendia seu cabelo se desprendeu e voou para longe. Ela finalmente chega na bifurcação e toma a direita. Lá, outra porta com os mesmo símbolos, ela obviamente a abriu e viu que voltou para a caverna, ela fez o caminho que ela mesma tinha acabado de fazer, e vê do lado de fora, o casarão ainda em construção junto com o hotel. Um homem que usava as mesmas roupas do homem que ela viu antes de entrar também estava lá, porém mais novo.
John, o mordomo, viu as luzes piscando e chama por Martha na casa (2004)
– Martha? Cadê você! – John a chama.
John procurou por todos os lugares e não achou. Ela tinha desaparecido do mesmo jeito que o Ben tinha sumido.
No dia seguinte, Mary, Dickon e Colin já haviam levantado da cama e foram para a cozinha, lá viram o mordomo em lágrimas.
– Mordomo? O que aconteceu? – Mary pergunta.
– Minha mãe, minha mãe morreu. – Ele respondeu – E Martha sumiu! – Ele chorou mais e mais.
– Como assim? – Colin perguntou. – Quem é sua mãe? Como a Martha sumiu!?
– Eu também não sei! Um hóspede que me disse que ela morreu! Eu não sei como a Martha sumiu, ontem eu vi as luzes piscando e vários pássaros caindo do céu. Ai meu Deus! – O mordomo chorava mais e mais.
O Mordomo também explicou que não viu o corpo de sua mãe, alguém a assassinou e levou o corpo para algum lugar, ele também pegou um retrato que levava no bolso de sua mãe. Ele contou que também nunca conheceu seu pai. Na foto de sua mãe, as semelhanças com Martha eram muitas e os três perceberam, porém ninguém comentou.
Uma coisa parecia estranha nessa história, já que ninguém viu Helene no hotel e ninguém ouviu tiros, facadas, gritos ou algo do gênero. A pergunta que Mary, Dickon e Colin se perguntavam mentalmente era de como o mordomo sabia que sua mãe havia falecido. Uma coisa estranha que aconteceu naquela noite foi o John não estar em casa na hora que Martha entrou dentro do túnel e a morte de Helene.
Mais tarde, naquele mesmo dia, as buscas por Martha começaram. O mordomo não tinha avisado a polícia sobre a morte de sua mãe.
Mary, Dickon e Colin foram mais tarde naquele dia até o salão atrás do Coleridge para se prepararem para o plano do livro.
– Certo, então eu e Dickon vamos pra caverna e lá dentro vamos para lados diferentes, e Você vai procurar pela casa aquele objeto que junta na capa do livro, certo? – Mary fala.
– Que objeto? – Colin pergunta. – Não tinha nada no livro sobre isso.
– Vocês não leram na última página? – Mary disse, enquanto seguia até a mesa e abre a última página. – Aqui!.
Eles olham e veem que realmente dizia na última página que faltava um item na capa, uma peça dourada que completava 3 linhas saindo de um centro incomum, quase como um logo. Na capa do livro havia o espaço faltando.
– Ah, realmente! – Dickon exclama.
– Caramba, não tinha lido isso. – Colin fala.
Depois desta breve conversa, os três começaram a colocar o plano em prática. Mary e Dickon foram direto para o jardim da casa, sem nem sequer passar por dentro da casa. Colin entrou dentro da casa e começou sua busca, ele lembrava que já tinha visto algo parecido quando era mais novo. O mordomo tinha saído do casarão e sumiu por um tempo.
Mary e Dickon se aprofundaram pela caverna, com suas lanternas e um mapa que mostrava o caminho. Eles seguiram por um bom tempo até acharem uma passagem bloqueada.
Eles então pegam uma rota alternativa que também ligava até o túnel.
Chegando lá, eles encontram uma portinha com o mesmo símbolo que tinha no livro e 3 datas nele. -3333 =3333 +3333. Eles sabiam que um tinha que ir para o passado e o outro para o futuro, então abriram a portinhola e entraram. Um grande vento começou a sair de dentro do túnel quase como um furacão. Mary tomou a direita seguindo para o +3333 e Dickon foi pela esquerda indo para o -3333.
Enquanto isso, Colin foi para o casarão, lá ele não viu ninguém em casa. Foi direto para seu quarto antigo, onde lembrava que havia algo lá.
– Tenho certeza que já vi algo parecido com isso, certeza absoluta! – Colin exclama.
Chegando no quarto, ele foi direto para uma das caixas que havia itens antigos, lá era o único lugar que ele lembrava de ter algo. Enquanto ele caçava alguma coisa dentro da caixa, ele ouviu alguma porta fechando como se alguém tivesse chegado em casa.
– Olá? Alguém aí? – Colin pergunta mais ainda concentrado em achar a peça
Colin meio que ignorou se alguém havia chegado ou não e continuou sua busca. Ele não achou nada nessa caixa em específico e procurou em outras caixas. Pouco tempo depois dele ter ouvido o barulho da porta, alguém o surpreende pelas costas dando um golpe na nuca fazendo ele desmaiar.
– O QUÊ!? – Colin disse com um tom de surpresa e preocupação enquanto leva o golpe na nuca, ele acaba desmaiando porque estava na ânsia de achar a peça e estava nervoso.
Colin acorda num lugar extremamente estranho, uma sala com papel de parede infantil, uma beliche, uma mesa com cookies e leite que parecia estar quente e fresco e a coisa mais diferente da sala, uma cadeira com vários fios de energia e uma espécie de máscara de metal na altura dos olhos.
– O que é isso? – Colin se pergunta com uma forte dor na nuca. Ele estava muito confuso e não lembrava o que aconteceu.
Dickon e Mary estavam passando no túnel com um forte vendaval, suas lanternas começaram a piscar loucamente e o mapa se amassava mais e mais enquanto eles se separavam. Ao mesmo tempo, Colin, na sala, viu as lâmpadas da sala esquisita também piscando, o leite que parecia fresco antes, agora parecia velho e até meio estragado.
Enquanto Colin via as luzes piscarem, Dickon e Mary atravessaram as respectivas portas e foram para o passado e futuro distante.
Na saída do túnel, Dickon sai da caverna pelo mesmo caminho que tinha voltado. Sua visão é de um lugar mágico, com um grande deserto que rodeia um palácio verde cintilante no meio, ali perto no deserto havia um homem bem velho usando um chapéu e uma bengala observando o palácio.
Mary também saiu do túnel e da caverna e voltou para aquele local que ela havia visto antes quando ainda estava com Dickon e Colin e ao horizonte via uma mulher usando uma roupa que parecia bem leve, no seu rosto um lenço que a senhora fazia de máscara.
Na sala onde Colin estava, a porta se abre e um homem com roupas religiosas e um livro na mão. Era Noah. Colin não sabia quem era ele e já se prepara para se defender.
– Se acalme – Noah diz – Não vou machucá-lo, vim apenas fazer um experimento, amo Colin.
– Como você sabe disso? – Colin pergunta com um olhar desconfiado já que fazia 20 anos que ele não ouvia esse nome.
– Isso não importa, só peço gentilmente que o senhor se sente nesta cadeira por gentileza. – Noah fala de forma passiva agressiva e meio irritado.
Colin se senta na cadeira ainda desconfiado, mais e mais do que nunca.
– Vejo que você não comeu os cookies, tudo bem eles nem estavam tão saborosos assim – Noah comenta com um tom para tranquilizá-lo, enquanto fecha travas no pulso de Colin para prendê-lo na cadeira.
Noah fecha a máscara de metal e tampa os olhos de Colin. A visão de Colin era de uma barra de metal curvada com várias bobinas de cobre.
– Se prepare. – Noah avisa
– Ok… – Colin responde
Noah liga a máquina e as luzes da sala piscam loucamente e uma forte descarga elétrica se acende sobre os olhos de Colin. Colin grita de dor e sente como quando era criança, super fraco.
Hoffmann tira a máscara do rosto de Colin e sua face parece irreconhecível. seus olhos estavam queimados basicamente derretidos, nos seus pulsos, mais queimaduras e um forte odor de carne queimada de espalha pelo quarto
– Menos um e dessa vez um dos principais. Ao senhor… – Noah se ajoelha e olha para o teto com suas mãos tocando o peito.
Colin estava no mesmo estado que o menino Luke, morto por Noah de forma brutal com sua máquina, deixando o corpo irreconhecível e extremamente complicado de completar a autópsia.
Mary se aproximava da senhora e no horizonte, novamente aquelas várias luzes azuis. Uma delas chama a atenção de Mary que passa bem próxima dela com a mesma silhueta de Colin. Mary fica um pouco ansiosa achando que havia acontecido algo com ele, mas segue seu rumo até a senhora.
– Olá, seu nome deve ser Mary, não é? – A senhora pergunta.
– Sim, sim. Como sabe?
– Prazer, meu nome é Marie, parecido com o seu não é? – Marie não responde a pergunta dela. – Você já deve saber o que aconteceu com o grupo dos viajantes e blá blá blá certo? Por isso que vocês vieram para cá, para buscar eu e mais um amigo meu, vocês foram como uma chave no plano todo em si.
Marie e Mary continuaram conversando sobre o plano, mas nada muito importante. Mary notou que Marie estava usando roupas diferentes e a perguntou.
– Marie, por que você usa essas roupas?
– Porque estamos no deserto! inclusive pegue esse pano e cubra seu rosto, cabelo e ombro – Marie fala enquanto entrega o pano.
Mary veste o pano e Marie explica que aquele deserto é o mesmo lugar do casarão, porém 3333 anos no futuro.
Enquanto a Dickon no passado, ele se aproxima do senhor que estava lá.
– Olá? – Dickon pergunta.
– Ah! Aí está você. – O senhor exclama – Prazer meu nome é Devon, parecido com o seu não?
– Como sabe meu nome? – Dickon pergunta
– Bom, você já sabe sobre o que aconteceu com o grupo de viajantes e sobre o plano que você, Mary e Colin estão fazendo né? – Devon pergunta.
– Sim. – Dickon responde de forma curta e grossa.
– Então, eu sou a segunda parte do plano. Sei que vocês não sabem ainda, mas em breve saberão. – Devon responde. – Vou mostrar mais um pouco deste lugar maravilhoso.
Devon explicou a Dickon que este lugar que estavam era o mesmo da história Oz, o mesmo da história do livro. Dickon comentou também que já tinha lido esta história antes e não acreditava que era real. Eles conversavam enquanto Devon seguiu seu caminho até a cidade das esmeraldas.
– Aqui é aquela cidade onde o Mágico de Oz se acomodava, não temos permissão para entrar aqui. – Devon fala
– Por que não podemos? – Dickon pergunta.
– Digamos que eu já fiz muita coisa proibida aqui dentro e eles estão se preparando para um desastre. – Devon explica. – Não posso falar muito sobre isso agora. Amanhã vou explicar tudo para você.
– Ah , tudo bem! – Dickon responde.
– Devemos voltar para o túnel e para o casarão agora. Vamos? – Devon fala enquanto caminha devagar até a caverna.
– Vamos. – Dickon responde
Marie e Mary também entram na caverna e vão seguindo até a porta.
Todos eles chegaram no portãozinho, cada um em um lado do túnel, abriram a porta e engatinharam até se encontrarem. Aquele forte vendaval foi sentido novamente de dentro e no encontro do passado e do futuro, eles se esbarram
– Olá, Marie – Devon fala com um tom mais alto para ser ouvido mesmo com o forte vento.
– Olá! – Marie responde.
Todos eles saíram do túnel e foram seguindo até a saída da caverna para chegar à sala dos viajantes.
– Já explicou pra ela, Marie? – Devon pergunta.
– Já sim. – Marie responde
Dickon e Mary ficaram atrás deles e seguiram o caminho em silêncio como se algo estivesse prestes a acontecer.
Os quatro saíram da caverna e foram para a salinha.
– Bom, gente, vocês já sabem que vai acontecer o apocalipse em 3 dias a partir de hoje, e só podemos falar sobre tudo isso no dia do apocalipse. – Devon explica
– Por isso peço para que se acomodem e aproveitem seus dias até lá no casarão ou em outro lugar, menos aqui – Marie complementa.
– Vejo vocês daqui 3 dias. – Devon acena
– Ok! Tchau Tchau. – Mary acena de volta
Dickon e Mary foram para o casarão e viram que ninguém estava em casa nem a polícia que o mordomo havia chamado.
– A gente podia dar uma volta pra relaxar. – Dickon fala.
– Verdade, vamos agora? – Mary responde.
– Tudo bem. – Dickon fala enquanto abria a porta dos fundos.
Eles deram várias voltas por lá, viram várias plantas e lembraram dos velhos tempos. Depois de alguns minutos, Dickon percebe uma pilha de folhas e se aproxima.
– Aqui tem jardineiro? – Dickon pergunta.
– Que eu saiba não. – Mary responde.
Dickon se aproxima e vê um braço pra fora da pilha. Ele tira as folhas de cima e a imagem surpreende.
– Meu Deus! – Mary exclama.
– Um corpo! – Dickon fala.
– Parece familiar. – Mary aponta enquanto olha mais de perto uma grande mancha de queimadura no rosto.
– É COLIN?!
– MEU DEUS! – Dickon grita.
Naquela pilha de folhas, escondia o corpo de Colin que morreu horas antes.
– Não acredito nisso. Como que ele… – Dickon fala com a voz engasgando com o choro leve.
Mary começou a chorar e se lembrar de todos os momentos em que passaram há mais de 20 anos.
Eles decidiram não chamar a polícia, pois precisavam continuar com o plano e apenas enterraram Colin no quintal mesmo. Dickon pegou a pá e escavou a cova dele. Mary estava fazendo uma cruz improvisada para o enterro.
– Vou sentir falta de Colin. – Mary fala enquanto Dickon permanecia em silêncio.
Depois de enterrar, na cruz havia escrito: “aqui se foi um menino corajoso e extremamente valente. Colin Craven”.
Dickon e Mary entraram dentro do casarão e ficaram por lá nos próximos 3 dias até o dia do apocalipse.
John havia fugido da cidade e se mudou para bem longe dali, suas coisas não estavam mais dentro do casarão e nenhuma pista de onde ele foi havia sido deixada no casarão.
~ VII ~
Apocalipse
Passaram-se 3 dias e Mary e Dickon foram chamados para entrar na sala dos viajantes. Era de tarde e ninguém ainda havia entrado dentro do casarão nesses 3 dias. Mary e Dickon ligaram algumas peças antes de entrar, como que Ellen e Winnie tinham desaparecido no mesmo dia que Ben tinha desaparecido, ou que Colin morreu do mesmo jeito que Luke.
Mary e Dickon passaram pelo jardim que separava o casarão e o Coleridge, um clima pesado ficava entre eles, já que não conseguia controlar a ansiedade de saber finalmente o que era o apocalipse.
– Ah! Aí estão vocês. Boa tarde Mary e Dickon. – Marie exclama
– Vocês querem descobrir o que é o apocalipse primeiro ou uma breve explicação sobre a viagem no tempo? – Devon pergunta.
Mary e Dickon se olharam confusos e escolheram a explicação
– Bom, precisamos ser breves, então vai ser uma explicação mais resumida ok? – Devon começou a falar. – Para começar vou explicar sobre esse item que falta na capa do livro, essa na verdade é a chave para aquela porta lá em cima, lá onde vocês vão descobrir o que é o apocalipse. Vocês conhecem a senhora Helene certo? Mãe do mordomo, ela acabou morrendo há 3 dias atrás. A Sra. Medlock também foi morta, certo? Além delas também teve os corpos de Luke e Colin que também foram mortos nessa semana, tudo isso não é por acaso. Nós, viajantes do tempo fomos perseguidos por alguns religiosos extremistas, especificamente um, chamado Noah Hoffmann que tem o papel de aniquilar todos que tiveram contato com a viagem no tempo. Em algum momento ele iria matar o grupo que ficava aqui, então eles preferiram se suicidar e se esconder dentro da caverna. Porém, nem todos os viajantes são desse grupo, como por exemplo Martha, que sumiu há pouco tempo, certo? Na verdade, ela entrou na caverna e viajou para o passado. Ela na verdade é Helene. Martha viajou para 1971, data da criação do hotel, por isso que ela sempre trabalhou lá.
Falando agora sobre o túnel, existem 2 tipos de túneis, o das longas viagens e o das curtas. O das longas leva para a terra de Oz ou para um futuro distante e o de curtas viagens leva a 33 anos no passado ou 66 anos no passado, sendo as datas 1971 ou 1938. A passagem para as curtas viagens está barrada para evitar o que aconteceu com Martha, que, querendo ou não, vai recomeçar todo o ciclo.
Exatamente por causa dessas viagens, em algum lugar próximo acontece o chamado apocalipse que dá fim a um dos ciclos, o do presente momento vai acontecer daqui poucos minutos e vai acabar com todos aqueles que ainda sabem da caverna. Por isso que nos encontramos com vocês.
– Na verdade eu e Devon somos você e Dickon do futuro. – Marie explica. – Nós também somos viajantes do curto tempo como Martha.
Devon mostra sua cicatriz idêntica a de Dickon.
– Aqui está a prova. – Devon fala.
– E o que acontece depois do apocalipse? – Mary pergunta
– Vamos sumir do mapa, toda nossa história, memórias, vivências… Tudo vai sumir e não somente neste local, mas em todas as datas que citamos – Marie explica
– Uma última coisa antes da gente entrar na sala. Na passagem longa para o futuro, todas aquelas luzes brancas azuladas são na verdade todos que morreram por causa de algo da viagem no tempo, todos ali são almas. – Devon explica.
– Não sei se você percebeu na hora, Mary, mas quando você saiu do túnel, uma luz saiu de lá e foi até o horizonte, era a alma de Colin dando um último adeus a você. – Marie explica
– Um grande estrondo de porta batendo é ouvido do salão principal. Era Noah, com um machado na mão.
– O que você fez?! – Noah exclama.
– Terminando o que você não conseguiu concluir. – Devon responde. – Você foi inútil todos esses anos, Noah. Matando qualquer um sem sequer saber de toda a linhagem. Você está de parabéns.
Devon saca uma pistola do bolso e dispara diversas vezes contra Noah, que cai no chão agonizando de dor até morrer.
– Aí está quem matou Colin. – Devon fala enquanto se aproxima do corpo e pega um item dourado. – E a chave também está aqui.
Devon encaixa a peça no livro.
– Então porque Colin foi procurar a peça dentro do casarão? – Dickon pergunta.
– Para não distorcer as ordens da linha do tempo. Se ele não morresse, Noah estaria vivo agora e poderia matar vocês e por consequência eu e Devon iríamos desaparecer da existência.
Uma coisa que Devon esqueceu de falar é que não existe apenas essa passagem no tempo, na verdade existem várias, como a que o aviador passou que veio do céu. Esse apocalipse só vai finalizar o ciclo desta viagem. Tem muito mais coisas que acontecem e vão acontecer ainda.
Devon sobe as escadas e abre a porta do mezanino.
– Vamos entrar? – Devon fala enquanto abre a porta.
A imagem assusta Dickon e Mary que nunca viram algo igual. Uma bola escura de mais ou menos 2 metros de altura que flutuava do chão piscando luzes azuladas, um barulho extremamente alto é ouvido dessa bola e um pouco de vento rodeava a sala.
– Esse vai ser o começo do apocalipse e a única coisa que podemos fazer agora é aceitar o fim deste ciclo. – Marie fala.
– Mas por que tudo isso tem que acontecer, deve ter um jeito de não acabar com tudo! – Mary exclama.
– Infelizmente não tem como Mary, se não conseguir mudar a semente que começou tudo isso, nada vai mudar, vai apenas se repetir e repetir. A questão não é como, mas sim quando tudo isso começou. – Marie explica.
Devon pega um relógio de bolso e começa a contagem.
– Daqui 3 minutos e 33 segundos essa bola irá se expandir e engolir tudo que um dia já teve acesso a caverna.
Devon e Marie dão as mãos e olham para a bola, seus rostos velhos e caídos de muitas vivências estavam cheios de lágrimas.
Mary e Dickon se abraçaram e cada um se lembrou do que passou nessa vida, todas as memórias que passaram juntos, desde que Mary chegou na cidade.
1 minuto tinha se passado e duas crianças entraram na sala. eram Mary e Dickon do passado.
– Não se preocupem, eles são apenas ilusões que a bola cria. – Devon explica.
Faltavam 33 segundos para a bola se expandir, e Marie e Devon se aproximaram de Mary e Dickon. Deram um abraço apertado e as crianças também os abraçaram.
– Obrigado por tudo Dickon. – Mary fala.
Aquela bola começou a crescer, derrubando tudo na sala, todas as luzes explodiram e um breve terremoto começou, fora da sala o clima se fecha e uma chuva torrencial se inicia. A caverna começa a desabar em si mesma e na terra de Oz uma bola do mesmo jeito também surge destruindo toda a magia daquele lugar.
Wilsen estava sendo destruída pelo apocalipse que desde o começo, Ben tentou avisar.
Em poucos minutos, do lado de fora da bola, tudo que se tinha sobre a caverna e a viagem no tempo havia desaparecido. Os corpos, os livros, até o mordomo que havia fugido também acabou desaparecendo já que na verdade ele também já tinha viajado no tempo.
Dentro da bola. Dickon e Mary viram um túnel cheio de estrelas, eles estavam flutuando em alguma coisa que desconheciam. O túnel prosseguia até uma bifurcação, eles chegaram perto da bifurcação e viram as 2 crianças, a Marie e o Devon. Cada um em um lado daquele túnel.
– Bom, então esse é o fim das nossas histórias. Novos ciclos vão começar e a gente vai finalmente sair deste plano. – Marie fala.
– Olhem para seu lado. – Devon fala.
Ao lado deles, uma luz da mesma silhueta de Colin aparece e a mesma também aparece ao lado de Marie e Devon. As crianças começaram a andar pra trás sumindo de vista e seu túnel se fecha.
– A ilusão já mostrou o que devemos fazer. Adeus! – Marie Fala
– Adeus! – Devon fala
Dickon e Mary se abraçaram e finalmente foram para o fundo do túnel, junto da alma de Colin e assim as últimas pessoas a terem contato com o túnel se foram.
Aqui a história de Mary, Dickon e Colin chega ao fim, depois do apocalipse, entretanto não é o último ciclo. Uma garotinha havia sido mandada para o casarão de seu tio no solar de Misselthwaite, o nome dela era Mary Lennox e toda a história se repetiria.