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Banho de caneca

Por Davambe.

Não dá para entender minha mãe, os velhos tem cada ideia! De alguns meses para cá não é que minha mãe inventou de controlar o tempo que eu fico no banheiro? Estranho, não é?. Antes ela olhava os meus cadernos, lia os recados da professora, e ficava mexendo com o meu cabelo a procura de piolhos, que nunca achava. Agora ela fica controlando o tempo do meu banho. Nem posso mais cantarolar. Já vai dizendo cante antes para não demorar no banho. Fico sem jeito, mas entendi depois que era para economizar a água. Hoje choveu muito por aqui, na verdade faz dois dias que chove. Perguntei ao meu pai quando voltarei a cantar no banheiro e tomar aquele banho bem gostoso e prolongado. Meu pai nada disse no inicio depois que olhei no rosto dele, repeti a pergunta, olhando nos olhos como ele costumava dizer que o homem tem olhar nos olhos quando conversa, mas dessa vez ele é que se esquivava. Parecia que as palavras tinham sumido de sua boca. Até que num gesto anormal, raivoso eu acho, respondeu que o tempo das vacas gordas acabou. Fiquei quieto, por um tempo sem entender. Com mais calma e cabisbaixo contou-me que devemos usar a água somente em casos extremos e de muita necessidade, temos que economizar. Minha mãe que estava do lado se meteu na conversa e foi falando que o tempo de desperdício acabou. Não entendi porquê estava uma chuva danada lá fora, como eu podia entender isso com tanta chuva caindo. Foi então que com muita paciência minha mãe começou explicando que tudo aquilo era temporal, não chovia todos os dias e que era preciso continuar com a rotina de economizar. Fiquei preocupado, aquilo equivalia dizer que nunca mais eu tomaria aquele banho gostoso acompanhado de cantorias que demorava uma hora. Conversa de adulto é difícil de entender.

www.choraminhices.com.br

One Response to Banho de caneca

  1. Marta

    02/01/2018 at 12:33

    Linda crônica sobre um problema crônico: para toda escassez, um espanto!

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