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Uma Filha entre Três Espadas

Por Jessé Salvino Cardoso.

O viajante ao viajar busca entende-se melhor a si mesmo e ao olhar o mundo em outras perspectivas. O autoconhecimento é ainda uma das facetas do longo processo que é a viagem em si.

Trata-se de uma fuga não declarada dos problemas familiares e cotidianos que azedam semanas e dias, e a fuga serve para isso, cada viajante parte em busca de uma aventura que possa viver em paz e tranquilidade durante alguns dias da sua vida.

A busca por aventura ou experiências agradáveis deve também fazer parte do pacote, é uma parte importante de todo o processo, é um esforço para sair da rotina, e requer planejamento e outros detalhes como preparar malas. Nesta última coluna da tetralogia sobre o cinema coreano.

Começo com a reflexão , o que realmente o cineasta quis destacar com o filme “Memórias da Espada”?

Em primeiro lugar, o cineasta busca revelar uma ditadura instaurada pela problemática Dinastia Goryo, já conhecida do leitor de outras colunas onde enfatizamos essa dinastia.O filme “Memórias da Espada” do cineasta Heung-Sik Park representa bem esse tipo de releitura, ao esclarecer a história nacional a partir da ótica da nobreza coreana nesse período, onde ironiza acidamente os políticos do país e confere aos governantes coreanos um senso de corrupção, como um agravante de maior gravidade nessa época.

Em segundo lugar, revela que somente três espadachins Deok-Ki, Poong-Chun e Seol-Rang lideram um motim, procurando derrubar assim uma ditadura que corroeu a história nacional, esse olhar difere um pouco dos demais cineastas já aqui analisados.

Neste período existe uma nobreza em crise e insatisfeita com a política e com a situação da população ao seu redor, pode parecer uma ironia, todos os cineastas tem certa preferência por situações e períodos turbulentos e sem uma saída exata. O filme passa a representar essa saída possível,nisso cada um deles representa sua cosmovisão.
Em último lugar, uma traição derruba a união que movia e tornava grande a equipe, parece que segundo o cineasta Heung-Sik Park, a traição de Deok-Ki, nao só derrubou um grupo de espadachins, mas matou um cidadão honesto do país, o senhor Poong-Chun morre. A morte de alguma forma provou que o poder sempre corrompe e protege.

Deok-Ki, então, tenta convencer Seol-Rang para se juntar a seu lado, mas ela se recusa. Essa recusa na verdade é o caminho da honestidade que a mulher naquele momento seguir, ela busca no entender dos fatos , pós a morte do colega, se refazer e reinventar a sua vida.Ela então foge com a espada de Poong-Chun e sua filha recém-nascida. 18 anos depois, Seol-Rang agora é cega e ela treina uma jovem para usar a espada para vingança.

A busca da vingança é algo permanente e indivisível que sempre avança contra os crimes dos homens nesse mundo , o cineasta busca destacar isso sendo provado através da preparação da filha para se vingar de um passado sombrio da mãe.

Enquanto isso, Deok-Ki é o homem mais poderoso do país. Logo sangue será derramado. O poder cede a vingança, não há uma saída exata da vingança, ser poderoso não significa que esteja livre de seu passado, como o espadachim de alguma forma pensava, foi enganado pela sombra misteriosa do Poder. O senhor Deo-ki reconhece que perdeu para o Destino que é muito mais forte que sua espada
Três considerações sobre o cineasta:

O cineasta em apreço, assume seu papel de intelectual engajado ao levar os telespectadores a refletirem sobre esse assunto, pensa que se trata de um mal globalizado em que todas nações padecem sem saída e suspeita de que o mal não tenha uma solução palpável a curto prazo.

Essa suspeita levanta algumas questões sérias. Como os coreanos reagem a corrupção da classe política do país?
Como os artistas reagem a isso?

São perguntas que o cineasta tenta responder um conjunto de questões dessa natureza, é admirável seu senso crítico e o jeito como expõe isso ao mundo com um profundo realismo digno de nota, esse cineasta demonstra com seriedade esses problemas que afetam o mundo globalizado.
Três considerações sobre o cineasta:

Em primeiro lugar, o cineasta assume o papel de “intelectual engajado”, ele busca leva para as telas uma releitura contundente do passado , sem reservas ou ressalvas, e indica caminhos para se livrar da sombra desse passado curioso e problemático.

Em segundo lugar, aborda a problemática política com tom de brincadeira e humor, põe um poderoso espadachim ao se aliar com um pequeno ditador da Dinastia Joseon, e ao mesmo tempo assume o papel de cidadão consciente ao examinar o país no seu começo, e propor uma releitura do país a partir da ótica dos poderosos e nobres em que nem tudo se explica se aliando com o autoritarismo de um ditador.

Com boas doses de ironia adensou o passado em vias diversas de entendimento, entendimento que os coreanos possuem acerca das suas origens , irrigando com verdades universais sobre problemas de teor governamental, sempre cavando mais fundo a História Nacional além dos livros.

Em último lugar, ele assume o papel de artista ao examinar o país em seu passado mítico com um enorme senso de criatividade para desenrolar o drama em questão. A genialidade exposta traduz em poucas linhas questões e perguntas sérias e importantes para o povo coreano. Aproveitando ensejo quero convidar o caro leitor a assistir o filme “Memórias da Espada”, e tirar sua própria avaliação e compartilhar conosco, gostaríamos de saber sua conclusão.Caro leitor nos acompanhe em nossas colunas e entre seus amigos divulgue-as durante os anos que passam ao longo do caminho. Até a próxima coluna , caro leitor.

www.choraminhices.com.br

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