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Bandidos e piratas e o cinema sul coreano

Por Jessé Salvino Cardoso.

O viajante ao viajar busca entende-se melhor a si mesmo e ao olhar o mundo em outras perspectivas. O autoconhecimento é ainda uma das facetas do longo processo que é a viagem em si.

Trata-se de uma fuga não declarada dos problemas familiares e cotidianos que azedam semanas e dias, e a fuga serve para isso, cada viajante parte em busca de uma aventura que possa viver em paz e tranquilidade durante alguns dias da sua vida.

A busca por aventura ou experiências agradáveis deve também fazer parte do pacote, é uma parte importante de todo o processo, é um esforço para sair da rotina, e requer planejamento e outros detalhes como preparar malas. Nesta coluna irei dar continuidade a tetralogia sobre o cinema sul coreano. Nesta coluna, pretendo falar sobre o drama épico Os Piratas e sua relação com o passado fundacional da Coreia do Sul.

As véspera da mítica fundação da Dinastia Joseon, uma baleia engole o Selo de Estado do Imperador sendo trazido para Joseon por enviados da China.O cineasta Lee Suk-Hoon explora exatamente esse passado, e de certa forma busca interpretá-lo á luz da história nacional.

Essa exploração conduz ele a uma “trilha de bodes” entremeada de detalhes riquíssimos a serem apreciados. Em termos claros, se o Selo Real seguisse seu rumo final , os governantes continuariam a realizar um governo á sombra da China, sem nenhum interesse real em Independência.

O cineasta em questão , possui um sentimento patriótico e desdobra esse sentimento ao logo do drama, parece que ele recebeu a sugestão patriótica e nacionalista do escritor Cheon Seong-Il, um outro coreano envolvido nessa visão.
Os dois observam nessa dependência chinesa , um risco de maior sofrimento para o povo coreano, e vislumbra na Independência um caminho para o progresso e crescimento da nação como um todo. A revisitação ao passado, reinterpreta uma nova leitura do mundo em questão, no caso as relações Coreia do Sul e seus vizinhos China.
Reinterpretar o presente á luz do passado , é um jogo arriscado e perigoso, ao que parece o cineasta e o escritor tentam realizar essa façanha.

As Três considerações acerca do filme:

Em primeiro lugar, o cineasta assume o papel de “intelectual engajado”, ele busca leva para as telas uma releitura contundente do passado , sem reservas ou ressalvas, e indica caminhos para se livrar da sombra desse passado curioso e problemático.

Em segundo lugar, aborda a problemática política com tom de brincadeira e humor, põe um governante em apuros ao se perder o Selo Real, e ao mesmo tempo assume o papel de cidadão consciente ao examinar o país no seu começo, sem errar nas pitadas de humor.

Com boas doses de ironia adensou o passado em vias diversas de entendimento, entendimento que os coreanos possuem acerca das suas origens , irrigando com verdades universais sobre problemas de teor governamental, sempre cavando mais fundo a História Nacional além dos livros.

Em último lugar, ele assume o papel de artista ao examinar o país em seu passado mítico com um enorme senso de criatividade para desenrolar o drama em questão. A genialidade exposta traduz em poucas linhas questões e perguntas sérias e importantes para o povo coreano.
As considerações sobre as personagens do filme:

Os bandidos da montanhas de certa forma são homens sem passado, o cineasta passa ver a Coreia do Sul a partir da ótica de ladrões, isso indica em termos, que os marginalizados da época deviam ter direito a voz, não aos camponeses do primeiro filme Kundo: Fora de Controle, em busca de respostas. O cineasta deseja ter em mãos algo mais ousado.
Os piratas também ironizam um colega que sofre do enjoô dos mares, e o mandam pra terra.Ele passam a querer ser bandido, o chefe dos bandidos dá uma chance a ele, o cineasta revela assim que os bandidos e piratas podem se entender, uma possibilidade distante ,porém, possível.

São duas formas de ser fora da lei, tanto o pirata quanto o bandido assumem esse papel e recorre em busca de assalto e roubos contra o acúmulo de riquezas por poderoso e governantes ao redor do mundo. Os primeiros enfrentam o mar e seus desafios, os últimos enfrentam perseguições e coisas dessa natureza.

O cineasta sugere isso ao abordar a questão do banditismo social como uma questão de sobrevivência em tempos de crise, e em outras palavras, suspeita do mundo globalizado em questão. Ele considera a situação um problema de ordem social. Neste caso, basta a leitura de Bandidos Sociais de Erick Hobsbawn, ele vai saciar suas possíveis dúvidas acerca do assunto.

Algumas considerações sobre as personagens:

O filme Os Piratas, o cineasta Lee Suk-Hoon sugere que o ponto de vista de marginalizados do poder político, tem uma reflexão ponderada sobre a situação política da Coreia ontem e hoje. Ao ironizar o poder político e querelas da nobreza enxerga um mundo despedaçado Quer piratas , ou bandidos todos, desejam ardentemente uma mudança no governo.

Todos estão em busca do Selo Real, onde bandidos se tornam piratas por causa de um selo, essa opção de mudanças indica mais na frente que o mar é mais importante que a Terra. O pirata So Ma dá essa indicação quando fala: ‘ o Buda alcançou a Iluminação após uma viagem marítima’.

Pois para So Ma, o importante são tesouros roubados á força , não importa da onde saia. Por sua vez, o mensageiro real parece ver alguma meditação nessa expressão do pirata. Ao recorrer ao Buda enxerga que a religião em algum momento pode favorecer os maus.

Ao olhar e entender o ponto de vista de um bandido, o chefe Jan San Jung sonha em alcançar a bendita baleia custe oque realmente custar, por essa razão assume os riscos da empreitada, mas por infelicidade ele desconhece esse riscos.

O cineasta Lee Suk-Hoon buscou fazer um contraponto completo em oposição ao filme Kundo: Fora de Controle ao realizar o filme Os Piratas, pode assim lançar questões sobre a corrupção na política. A ótica dos marginalizados demonstrou uma pausa em clima de competição na adversidade política que a nação coreana passava.

A pirata por sua vez, disse: ‘Todos dependem do mar , o mar é meu domínio , e não eu tenho maior direito sobre o tesouro da baleia’. Ela sugere que os bandidos teriam que passar por ela para alvejar a baleia em questão caçada, a perspectiva dada pela pirata enseja uma ideia o exercício absoluto do poder é realmente perigoso.

A extrema necessidade em firmar uma nação em cima de um Selo Real, parece fundamentado em um crime de corrupção, os piratas e bandidos tem facilidade em reconhecer isso, na situação em questão. Eles de forma cínica absorvem toda problemática saída do palácio.

A caçada a baleia sugere também que o escritor e o cineasta sofreram plena influência ocidental, no caso americana e inglesa, podemos detectar assim a presença indireta das obras de Herman Melville e Joseph Conrad ao longo deste filme, apesar de falar sobre tudo o que realente significa no filme. Sugiro que cada leitor dessa tetralogia e desta coluna em especial, procure assistir o filme Os Piratas. E após assistir o filme, escreva para nós suas conclusões particulares sobre o mesmo, e passe a dica para frente.

Caro leitor nos acompanhe em nossas colunas e entre seus amigos divulgue-as durante os anos que passam ao longo do caminho. Até a próxima coluna , caro leitor.

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