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A Visão Luterana de Política

Por Jessé Salvino Cardoso.

visaoluteranaNeste artigo se propõe a discutir atentamente a política em suas múltiplas facetas. Na perspectiva antropológica a política pode ser vista em três ângulos diferentes, mas que se interagem entre si ao longo da História da humanidade, tal interação abre um conjunto infinito de nuances que produziram tipos e ideologias, que assim permeiam nosso pensamento quando tocamos no assunto.

Que o leitor pode olhar com mais atenção, nas linhas seguintes: no ângulo ocidental que abrange todo o continente europeu, onde se nasce ás origens da democracia que temos conhecimento.

Após termos concluído as colunas da série da Antiguidade Clássica, e agora inicie sobre a política nos meandros da Idade Média que já foi concluída, e iniciamos o período moderno com uma breve explanação do livro O Príncipe de Nicolau Maquiavel e dando continuidade ao pensamento de Martinho Lutero acerca da política.

O reformador elabora um conceito bem exato para lidar com a questão política e por extensão o Estado, o conceito dos dois reinos, em termos claros Lutero diferencia o primeiro reino como Reino dos Céus vinculado a espiritualidade cristã reformada e sua prática cotidiana, sempre vinculada ao Cristo Ressuscitado, que é algo inerente a sua vivência pessoal, é algo particularizado e adequado.
O segundo reino, Lutero denomina Reino do Mundo, ele faz total referência ao governo político, observe o que ele diz: “não se deve pegar em armas contra o imperador ou qualquer autoridade. O cristão deve suportar passivamente todas as injustiças. Ainda que deva obedecer antes a Deus que aos homens, deve sofrer passivamente as consequências da sua obediência ao reino espiritual no que contradisser a autoridade secular”.

Nesse aspecto, propõe assim que o cristão deve obedecer à autoridade secular como evidência absoluta contraria a revolta criada por anabatistas liderados por Thomas Muntzer. Convém dizer que Martinho Lutero dependia da educada participação e ingresso de príncipes de Baviera, um apoio bem considerável na época.

Três considerações devem ser feitas bem esclarecedoras: a primeira Lutero considera a origem teológica do poder, por isso pede ao cristão que respeitem ao poder secular, tudo embasado em textos bíblicos, escritos nas cartas gerais e nos escritos paulinos; a segunda ele favorece em seus escritos, o apoio que recebe da camada referida acima, ele jamais contesta os possíveis erros dessa classe, mas prevê a possível separação entre Estado e Igreja.

A última consideração bem relevante, a verdade que norteia a Reforma Protestante, e a denúncia dos descalabros ocorridos no período medieval e essa visão acelera a criação do conceito acima trabalhado por Lutero.

A proposta de Lutero opera um sistema para a vivência da pura cristandade de acordo com os princípios propostos pela Reforma Protestante, essa proposta vai além dos conceitos vistos por Nicolau Maquiavel em seu manual, ele não anula as ideias maquiavélicas, ao contrário verifica que os sacerdotes devem ser cuidadosos no tocante aos assuntos de ordem política.

Lutero tem em vista a criação de dispositivos que o amparem em época de convulsão política, tal preocupação direcionou em partes o escrito sobre os dois reinos, suas ponderações divisavam em termos preparar a igreja Luterana para lidar com esse tema tão complexo, talvez tivesse em previsão o mau uso desse conceito no futuro.

A dificuldade de entendimento deste conceito, em como obedecer a uma sem invalidar outra, os teólogos e intérpretes da monumental obra de Lutero, teve uma enorme dificuldade em entender isso, talvez tenha tido a mesma confusão que os teólogos contemporâneos têm acerca do mesmo assunto.

O lamentável é ver que o reformador Martinho Lutero fez um tremendo esforço em manter sob tutela o poder secular, esse esforço foi altamente positivo para seu momento, assim percebo que apenas tentou diferenciar e validar as dimensões espiritual e secular, e ao mesmo tempo condiciona os seus conceitos aos fatos historicamente reais pelo qual ele passa acidamente naquelas circunstâncias. A sabedoria espreita seus escritos e esclarece que as pessoas não são obrigadas a pensar desta forma, e prevê caminhos para que as relações Igreja-Estado no caso à igreja Luterana e as demais oriundas da Reforma Protestante, este condicionamento evita certos abusos ocorrentes hoje nessa delicada relação Igrejas-Estado no mundo atual.

A capacidade de manter essa relação sem abuso é de fato impossível, porém, Lutero evidencia em suas 95 Teses argumenta que tal impossibilidade é inexistente e cada um dos seus argumentos comprova que deve se articular maneiras possíveis de relação, sem abusos e mau uso do poder espiritual em benefício do secular. A eficácia do conceito dos dois reinos ajuda ao mundo moderno a entender os aspectos dessa relação espinhosa.

Em vias de conclusão dessa coluna, caro leitor esse conceito de dois reinos criado por Lutero na verdade, foi uma navalha para condicionar igrejas protestantes no mundo a seguirem seus conselhos a respeito do assunto em apreço.
Caro leitor continue nos acompanhando pelo jornal Choraminhices , e tenha boa leitura , e até breve.

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